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“Ao quarto dia já não há muita esperança", o relato da equipa da SIC em Marrocos

A jornalista Conceição Ribeiro relata que no local onde se encontra muitas pessoas são retiradas dos escombros já sem vida. Conta ainda que muitos marroquinos gostariam de ver mais ajuda internacional no terreno.

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Os enviados da SIC a Marrocos, Luís Silva e Conceição Ribeiro, encontram-se em Talat N'Yaaqoub onde decorrem operações de busca e salvamento e fazem o ponto de situação dos trabalhos, três dias depois de um sismo ter feito mais de 2.000 mortos e 2.000 feridos.

Conceição Ribeiro começa por dizer que muitas das pessoas retiradas dos escombros encontram-se sem vida. A repórter conta que no local onde se encontra já foram retirados vários corpos debaixo dos destroços daquilo que era, antes da catástrofe, um aglomerado de prédios de vários andares.

“Ao quarto dia já não há muita esperança"

Segundo informações de vários habitantes, muitas crianças e menores que habitavam aquele local encontram-se desaparecidas. A jornalista da SIC relata que, ali, o resgate só começou no domingo, devido ao difícil acesso aos escombros, e que os primeiros corpos a serem retirados foram colocados num terreno vizinho onde se montou uma “morgue temporária”.

“Ao quarto dia já não há muita esperança até porque neste lugar em concreto, ao contrário do que acontece noutras zonas, consegue-se sentir um cheiro já muito intenso a putrefação. Há aqui também questões de saúde pública que se começam a colocar e daí estas equipa tentarem chegar rapidamente a estas vítimas mortais”, refere.

A repórter afirma ainda que perto da localidade onde se encontra já chegou a primeira equipa de resgate estrangeira, proveniente de Espanha, que já está a montar as tendas de campanha, apesar de Marrocos estar a rejeitar ajuda internacional à exceção de quatro nações - Espanha, Reino Unido, Qatar e Emirados Árabes Unidos.

A jornalista informa que no país já se fazem sentir as críticas a esta decisão, visto que o sismo terá afetado mais de 300 mil pessoas que necessitam urgentemente de auxílio. Alguns locais começaram a receber ajuda apenas no domingo, dois dias depois da catástrofe.

“As pessoas não tinham o que comer nem o que beber"

“As pessoas não tinham o que comer nem o que beber e só mesmo ontem [domingo] e hoje, sobretudo, já se nota que toda esta logística começou a chegar. Já há camiões com imensas garrafas de água, por exemplo, a subirem esta zona da serra”, diz a jornalista.

Apesar de os trabalhos estarem a evoluir de forma positiva, a repórter esclarece que muitos marroquinos gostariam de ver mais ajuda internacional no terreno, ajuda essa que o Governo do país não está a aceitar, reforça.