Um bebé vive desde as primeiras horas de vida numa tenda à beira da estrada, em Marrocos. Nasceu na sexta-feira à noite, poucos minutos antes do sismo que abalou várias regiões do país. O hospital foi evacuado.
Khadija deu à luz num hospital em Marraquexe, minutos antes do sismo de magnitude 6,8, na sexta-feira à noite. Três horas depois e após uma rápida observação, mãe e filho tiveram de sair do hospital porque a unidade de saúde foi evacuada.
"Disseram-nos que tínhamos que sair devido ao medo de réplicas", disse Khadija à BBC.
Com o recém-nascido, Khadija e o marido apanharam um táxi, no sábado de manhã, para casa, em Taddart, na cordilheira do Atlas, a cerca de 65 quilómetros de Marraquexe. No entanto, as estradas estavam bloqueadas devido a deslizamentos de terra.
A família só conseguiu chegar à aldeia de Asni. É aí que vivem, desde então, numa tenda à beira da estrada principal. Têm apenas uma muda de roupa para o bebé. Não fazem ideia de quando conseguem regressar a casa, mas sabem já que está "muito danificada".
"Não recebi qualquer ajuda ou assistência das autoridades. Pedimos cobertores a algumas pessoas desta aldeia para que tivéssemos algo para nos cobrir", conta Khadija.
Há localidades isoladas na zona montanhosa do Atlas em que a situação é descrita como grave. Civis e entidades públicas começaram a enviar água e comida para onde é possível.
Em Asni, população espera (e desespera) por ajuda
Não muito longe da tenda, a população de Asni, que fica a 50 quilómetros de Marraquexe, espera (e desespera) por ajuda.
"Não temos comida, não temos pão nem vegetais. Não temos nada", disse um homem, que não quis revelar o nome, à imprensa local.
Desde o sismo que o homem vive à beira da estrada com os quatro filhos. Com as paredes de casa muito danificadas, não podiam lá ficar. Conseguiram levar apenas alguns cobertores. É tudo o que têm para dormir.
Mbarka também vive numa tenda. A sua casa ficou destruída durante o sismo. Não sabe para onde vai, já que não tem meios para reconstruir a habitação. Mbarka e a família estão a salvo, mas quase foram atingidos por um edifício enquanto fugiam.
As equipas de busca e salvamento estão a ter dificuldade em chegar às zonas montanhosas, uma vez que as estradas continuam com obstáculos.
Segundo o último balanço oficial, há mais de 2 mil mortos e outros tantos feridos. Marrocos decretou três dias de luto nacional em memória das vítimas.