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"É fácil prometer e depois não realizar": o discurso de Marcelo nas Nações Unidas

"Ano após anos nós prometemos. Agora é tempo de cumprir", afirmou Marcelo Rebelo de Sousa, que falou sobre a necessidade de reformas, sobre as alterações climáticas e também a guerra na Ucrânia.

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O Presidente da República, presente esta terça-feira na Assembleia-Geral das Nações Unidas, fez um discurso direto, numa espécie de autocrítica à própria ONU, Marcelo Rebelo de Sousa falou em três urgências e disse que de nada vale prometer sem cumprir.

Depois de António Guterres, Lula da Silva e Joe Biden, entre outros intervenientes, o Chefe de Estado português subiu ao palco, em Nova Iorque, para lembrar que “todos concordam no essencial”, mas que agora é preciso traduzir as palavras em ações.

“Apesar de diversas posições, todos concordam no essencial: é urgente respeitar a Carta das Nações Unidas para garantir a paz no mundo, é urgente acelerar a luta pelas alterações climáticas e a realização dos objetivos da Agenda 2030, a proteção dos oceanos e da biodiversidade, para garantir a paz e a reforma das instituições”.

Marcelo Rebelo de Sousa deu grande ênfase ao cumprimento da Carta das Nações Unidas e à necessidade de reformas nas instituições financeiras internacionais, a começar pelo Conselho de Segurança da ONU, como pilares para se alcançar a paz. “As três urgências estão ligadas, ano após anos”.

As instituições, formadas no século passado, estão “totalmente afastadas da realidade do mundo atual”, frisa Marcelo, lembrando que os objetivos climáticos “continuam atrasados”.

“Na sua permanente e inesgotável dedicação aos valores da Carta das Nações Unidas, apoio a nossa agenda comum. As propostas de reforma na governação mundial, incluindo a financeira, mas também as prioridade nunca abandonadas nas alterações climáticas, nos direitos humanos, nos imigrantes, nos refugiados, na igualdade de género”.

“De nada adianta prometer. É tempo de cumprir”

Mais do que falar, como se fazem em todas as reuniões da ONU, o importante é passar a realizar, garante o Presidente de Portugal.

“De nada adianta todos os anos prometer o mesmo e não realizar. Ano após anos nós prometemos. Agora é tempo de cumprir na construção da paz, na cooperação internacional, na correção das desigualdades mundiais, nas alterações climáticas e na reforma da ONU".

Marcelo lembrou que os conflitos decorrem em outros pontos do planeta além da Ucrânia, como “no Sahel, em tantos pontos de África, no Médio Oriente, na Ásia”, frisando que o problema, em todos os casos, é o mesmo: “[a falta de] respeito aos princípios do direito institucional e da carta das Nações Unidas”.

“O meu voto é que quando nos encontrarmos, no ano que vem, seja possível dizer que há mais paz que guerra, mais justiça que injustiça, mais igualdade que desigualdade”, frisou.