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"Zelensky é uma presença de tal modo relevante que vai dominar as atenções" na ONU

O comentador da SIC Germano Almeida faz uma previsão do Debate da Assembleia-Geral das Nações Unidas que arranca hoje em Nova Iorque, sublinhando as declarações "muito preocupantes" de António Guterres.

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O Debate da Assembleia-Geral das Nações Unidas arranca hoje em Nova Iorque, com destaque para os discursos do Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky. Até dia 26 serão debatidos conflitos globais como o da Ucrânia, os atrasos nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e a crise climática, além das questões nucleares. Germano Almeida considera no entanto que “ Zelensky é uma presença de tal modo relevante que vai dominar as atenções”.

O comentador da SIC revela que as declarações de António Guterres ontem "são muito preocupantes".

“Fala em divisões no Conselho de Segurança sem precedentes, admite que até na Guerra Fria as coisas eram mais previsíveis e que estamos no momento talvez mais difícil das relações internacionais desde o pós Segunda Guerra Mundial. Admite também uma impotência: o Secretário-Geral das Nações Unidas não tem poder, não tem dinheiro, tem voz, essa voz pode ser ruidosa. E é obrigação que ela seja ruidosa”.

“Perante isso, vamos ver o que é que a presença do Presidente ucraniano nesse Conselho de Segurança Aberto pode levar, mas sem grandes ilusões, porque com a Rússia, com poder de veto, certamente não haverá grandes decisões”.

Uma Assembleia sem diálogos de paz

“É uma Assembleia que mostra há uma maioria esmagadora a favor de uma condenação da Rússia na Assembleia Geral, mantém-se uma minoria que é cada vez mais pequena de países ou a votar ao lado da Rússia - são só 5 - ou a absterem se e têm vindo a reduzir”.

Isso mostra a impotência da ONU, nomeadamente do Conselho de Segurança de perante isso ter uma posição que obrigue o agressor a parar e, portanto, é essa é uma questão crucial, considera Germano Almeida.

Embargo da Polónia, Hungria e Eslováquia à importação dos cereais ucranianos

O acordo dos cereais pode ser o ponto forte desta Assembleia. Guterres vai encontrar-se com Zelensky, Erdogan e Lavrov.

“Guterres considera que não está fechada essa possibilidade e vai aproveitar de facto, como bem dizes, para reunir com Lavrov com o próprio Zelensky, com Erdogan e não coloca de parte a hipótese de uma espécie de um novo acordo que assegure a navegabilidade segura do Mar Negro e recoloque a Rússia no acordo”.

Germano Almeida cita o jornal alemão Bild que noticiou que Guterres mandou uma carta a Lavrov a 28 de agosto, cujo conteúdo não foi público. “Guterres terá começado negociações secretas com a Rússia, que passariam por dar algumas garantias de que se fossem levantadas algumas sanções à Rússia. Mas certamente que a Ucrânia e outros países não vão aceitar”.

“A Bulgária, a Polónia e da Roménia são uma questão complicada, porque são países que, embora apoiem imenso a Ucrânia contra a agressão da Rússia, são países concorrentes da Ucrânia relativamente aos cereais e não podem ser prejudicados”.