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Primárias nos EUA: Biden e Trump foram alvo dos candidatos republicanos no segundo debate

A proteção das fronteiras, o apoio à Ucrânia, o aborto e as política económica foram os principais assuntos abordados. A desordem dominou todo o evento, o que tornou difícil a qualquer candidato emergir-se como uma alternativa mais viável a Donald Trump.

Primárias nos EUA: Biden e Trump foram alvo dos candidatos republicanos no segundo debate
MIKE BLAKE

O segundo debate para as primárias Republicanas dos EUA foi marcado por sobreposições de discursos e elevação do tom das vozes - que se prolongou por cerca de duas horas, Joe Biden foi criticado em diversas ocasiões e por vários motivos, desde a proteção das fronteiras até à sua política económica.

Tim Scott criticou a presença de Biden no piquete de greve dos trabalhadores do setor automóvel na terça-feira.

"Ele deveria estar na fronteira sul, trabalhando para fechar a nossa fronteira, porque é insegura e aberta, levando à morte de 70 mil americanos nos últimos 12 meses por causa do fentanil. É devastador", disse o senador.

Mike Pence aproveitou a deixa e declarou que o chefe de Estado "não devia estar na linha do piquete, mas na fila de desemprego", arrancando risos da plateia.

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Já Haley argumentou que os trabalhadores do setor automóvel estão em greve porque as políticas inflacionárias de Biden os forçaram a exigir salários mais elevados.

Nikki Haley, filha de imigrantes indianos, criticou ainda o Governo Biden pela sua forma de lidar com a imigração, dizendo que o Presidente "agitou a bandeira verde" para aqueles que procuram entrar ilegalmente no país.

"Ele disse a todos para virem. Vimos seis milhões de pessoas cruzarem a fronteira [ilegalmente]. O fentanil matou mais americanos do que as guerras no Iraque e no Afeganistão juntas", disse a embaixadora na ONU durante o Governo de Trump.

"No momento em que deixarmos de ser um país de leis, desistiremos de tudo em que este país foi fundado. Por isso, temos de proteger a fronteira", acrescentou a antiga governadora da Carolina do Sul.

Numa discussão acalorada sobre a rede social chinesa TikTok, Nikki Haley lançou uma das frases mais duras da noite ao afirmar que se sentia "mais burra" cada vez que ouvia os argumentos de Vivek Ramaswamy que, entre as suas propostas, prometeu acabar com a cidadania por nascimento para os filhos de imigrantes indocumentados.

Ramaswamy, um empresário de biotecnologia indiano-norte-americano que se destacou no primeiro debate, foi nesta quarta-feira duramente criticado pelas suas negociações comerciais com a China, pelas suas promessas de cortar a ajuda à Ucrânia e até mesmo pela sua presença no TikTok.

"Só porque [o Presidente russo] Vladimir Putin é um ditador mau, não significa que a Ucrânia seja boa", disse Ramaswamy, numa das frases mais polémicas da noite.

Ainda sobre declarações polémicas, o empresário classificou as mudanças de sexo, "especialmente em crianças", como um distúrbio de saúde mental.

Sobre a ajuda à Ucrânia, Tim Scott saiu em defesa do auxílio a Kiev, ressaltando que 90% dessa ajuda são empréstimos. O senador acrescentou que é do interesse nacional norte-americano degradar o poderio militar russo.

Quanto à política económica, Scott apresentou algumas metas ambiciosas no debate, sugerindo que as suas medidas poderiam criar 10 milhões de empregos num ano.

Sob a Presidência de Joe Biden, 12,1 milhões de empregos foram criados entre fevereiro de 2021 - à medida que a economia recuperava da pandemia - até fevereiro de 2023. Mas os gastos deficitários e a inflação acompanharam esses ganhos, pontos que acabaram alvo dos ataques dos candidatos Republicanos.

Outro dos temas abordados foi o aborto, com DeSantis a rejeitar a ideia de que os Republicanos venham a perder eleições devido à sua oposição à interrupção da gravidez e advogou que a sua reeleição como governador da Florida é uma prova disso.

Apesar de candidatos como Nikki Haley terem conseguido fornecer respostas concretas às perguntas dos moderadores, a desordem que dominou todo o evento tornou ainda mais difícil a qualquer candidato emergir como a alternativa mais viável a Donald Trump.

Asa Hutchinson, ex-governador do Arkansas que participou no primeiro debate Republicano, ficou de fora do evento de quarta-feira, enquanto Donald Trump optou por ir a Detroit para falar sobre a greve do setor automóvel.

O segundo debate ocorreu num momento crítico da campanha do Partido Republicano, a menos de quatro meses das convenções do Iowa lançarem formalmente o processo de nomeação presidencial.