Mundo

Hospitais de Gaza vivem (outra) guerra entre a vida e a morte

Os hospitais de Gaza estão no limite e não há condições para cumprir a evacuação exigia por Israel. Os médicos dizem que retirar os doentes dos cuidados intensivos é condená-los à morte.

Loading...

As condições nas unidades de saúde da Faixa de Gaza são cada vez mais rudimentares, sobretudo nas unidades de cuidados intensivos. É impossível cumprir qualquer ordem de evacuação ordenada por Israel. O que se vive nas ruas de Gaza, vive-se nos hospitais: uma luta entre a vida e a morte.

É o caso de Khaled, um menino de apenas 10 anos. Está na unidade de cuidados intensivos do hospital de Khan Younes. A mãe não sai de junto dele, mas o sorriso desfaz-se, quando conta o que aconteceu.

“Ouvimos uma forte explosão que abalou Khan Younes. Fiquei assustada. (…) Pensei que não era possível atingir a casa da minha irmã. A minha irmã costumava dizer-me a sua casa era segura. Até nos convidou para ficar lá durante a guerra. Estou de luto. A minha irmã e os filhos morreram num segundo", diz a mãe do menino.

Khaled sobreviveu ao ataque israelita, mas o prognóstico é reservado. “Ele estava a visitar a tia. Gostava muito da prima. Pediu-me autorização para visitar a tia, disse-lhe que podia ir e ficar lá uns dias porque a casa da tia era segura", desabafa.

As mães da Faixa de Gaza não abandonam os filhos, e para quem está num hospital é impossível fugir. É o caso de Saeed que depende de uma máquina: “Estou a fazer diálise renal, é um processo muito difícil, sofremos muito. Com os transportes, com as deslocações”.

Os doentes não podem sair e os médicos também não. “Isto significa uma catástrofe sanitária. Se metade das máquinas se desligarem e os doentes não puderem receber tratamento, será uma verdadeira catástrofe. Não poderemos fazer diálise renal a estes doentes”, alerta um médico.