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Ministro israelita pergunta a Guterres "em que mundo vive"

O chefe da diplomacia israelita denunciou o "discurso chocante" de António Guterres, a quem acusou de ver a situação de “uma forma distorcida e imoral”, após Guterres ter denunciado "violações claras" do direito humanitário em Gaza.

Ministro israelita pergunta a Guterres "em que mundo vive"
STRINGER

O chefe da diplomacia israelita, Eli Cohen, dirigiu-se esta terça-feira diretamente ao secretário-geral das Nações Unidas (ONU) para lhe perguntar "em que mundo vive", após António Guterres ter denunciado "violações claras" do direito humanitário em Gaza.

"Senhor secretário-geral, em que mundo vive?", questionou Eli Cohen numa reunião ministerial do Conselho de Segurança da ONU para abordar a situação no Médio Oriente, mais concretamente a guerra entre Israel e o grupo islamita Hamas, assim como a situação do povo palestiniano.

"Sem dúvida, não é no nosso", acrescentou o ministro das Relações Exteriores, mostrando imagens dos ataques do Hamas contra civis, enquanto o embaixador israelita na ONU, Gilad Erdan, denunciava na plataforma X (antigo Twitter) o "discurso chocante" de António Guterres, a quem acusou de ver a situação de "uma forma distorcida e imoral".

"O discurso chocante do secretário-geral da ONU, na reunião do Conselho de Segurança, enquanto foguetes são disparados contra Israel, provou conclusivamente, sem qualquer dúvida, que o secretário-geral está completamente desligado da realidade na nossa região e que vê o massacre cometido pelos terroristas nazis do Hamas de uma forma distorcida e imoral", escreveu o diplomata.

"A sua declaração de que 'os ataques do Hamas não aconteceram do nada' expressou uma compreensão do terrorismo e do assassínio. É realmente incompreensível. É verdadeiramente triste que o líder de uma organização que surgiu após o Holocausto tenha opiniões tão horríveis. Uma tragédia!", acrescentou Erdan.

Guterres condena “atos de terror”

Momentos antes, na abertura da reunião do Conselho de Segurança, Guterres condenou inequivocamente os "atos de terror" e "sem precedentes" de 07 de outubro perpetrados pelo Hamas em Israel, salientando que "nada pode justificar o assassínio, o ataque e o rapto deliberados de civis".

Contudo, o secretário-geral da ONU admitiu ser "importante reconhecer" que os ataques do grupo islamita Hamas "não aconteceram do nada", frisando que o povo palestiniano "foi sujeito a 56 anos de ocupação sufocante".

"Viram as suas terras serem continuamente devoradas por colonatos e assoladas pela violência; a sua economia foi sufocada; as suas pessoas foram deslocadas e as suas casas demolidas. As suas esperanças de uma solução política para a sua situação têm vindo a desaparecer", prosseguiu Guterres.

O líder da ONU sublinhou, porém, que "as queixas do povo palestiniano não podem justificar os terríveis ataques do Hamas", frisando ainda que "esses ataques terríveis não podem justificar a punição coletiva do povo palestiniano".