O Presidente francês está em Israel onde apelou a “um relançamento decisivo do processo político com os palestinianos”. Emmanuel Macron pediu também ao "Hezbollah, ao regime iraniano e aos Houthis no Iémen" para que “não corram o risco irrefletido de abrir novas frentes”. Declarações aos jornalistas após uma reunião com o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu. Ana Evans, professora de Filosofia Política e Economia da Universidade Católica, sublinha que a deslocação do Presidente francês a Israel é, “acima de tudo, uma viagem para a audiência doméstica de Macron dada à comunidade de judeus e de muçulmanos que existem em França”.
"É muitíssimo importante para Mácron falar para a sua audiência doméstica (…) Os franceses dizem que França é uma espécie de sismógrafo dos tremores de terra que acontecem no Médio Oriente.
O Presidente Macron neste momento tem que percorrer uma linha muito cautelosa em termos de explicar ao eleitorado nacional porque é que França está a apoiar Israel, uma vez que tem 9 reféns neste momento e 30 franceses mortos no ataque de 7 de outubro, realizado pelo Hamas, mas, por outro lado, sublinhando que a França continua a apoiar o direito internacional humanitário e também continua a apoiar aquilo que sempre apoiou, que é a solução dos dois Estados, Israel e Palestina", explica Ana Evans.
Em entrevista na SIC Notícias, a professora de Filosofia Política e Economia da Universidade Católica lembra que Macron está a “enfatizar a posição da França dentro da Europa, mas que a principal preocupação é muito doméstica”.
Ana Evans sublinha também que “o único país que tem influência em relação à Israel são os Estados Unidos”.
“Só os Estados Unidos, por causa do tratado especial de apoio contínuo em termos de armamento a Israel é que tem capacidade neste momento ou noutro de influenciar a tomada de decisões por parte de Israel”, explica a especialistas, realçando contudo, que mesmo essa capacidade norte-americana é limitada.
No entender da professora de Filosofia Política e Economia, “o que se espera agora é outra vez um ressurgir do terrorismo que nós deixámos de ver durante a pandemia”, situação que aliás já se manifestou em França e na Bélgica após o ataque de 7 de outubro, lembra a especialista.
Na entrevista na SIC Notícias, Ana Evans explica também o impacto económico da crise no Médio Oriente, nomeadamente no preço do gás natural, do petróleo e nas taxas de juro.