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Israel: "Destruindo o Hamas, como é que vai ser o pós de Gaza?"

Germano Almeida, comentador da SIC, considera que "Israel não vai parar a ofensiva, não vai parar enquanto não considerar que conseguiu destruir o Hamas", e acrescenta: "Destruindo o Hamas em Gaza levanta-se a questão, como é que vai ser o pós de Gaza?"

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A guerra no Médio Oriente começou há um mês e já terá causado 11 mil mortes. Israel rejeita um cessar-fogo e sugere que poderá governar a Faixa de Gaza. Em entrevista ao canal norte-americano ABC, esta segunda-feira, o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, deu a entender que Israel pode governar Gaza por tempo indeterminado e diz que quando acabar a guerra o país terá de ficar responsável pela segurança do território. Germano Almeida considera que estas declarações mostram que “Israel não vai parar a ofensiva, não vai parar enquanto não considerar que conseguiu destruir o Hamas”.

"Não será só com uma ação militar em Gaza que essa destruição aconteceria, porque o Hamas tem outro tipo de realidades fora da Faixa de Gaza, mas quando Israel diz isso, diz essencialmente a capacidade do Hamas de por Gaza voltar atacar Israel.

Destruindo o Hamas em Gaza levanta-se a questão, como é que vai ser o pós de Gaza? Eu aí remeto para o que Blinken [secretário de Estado dos EUA] fez no fim de semana que foi tentar construir uma alternativa que passaria pela pelo reforço da Autoridade Palestiniana", explica o comentador da SIC.

Germano Almeida considera que as declarações de Netanyahu sobre “Israel poder continuar a garantir a segurança de Gaza seria só numa base temporária, porque claramente Israel não tem o objetivo, não tem condições, de voltar a administrar Gaza depois disto”.

O primeiro-ministro israelita disse também que "se o Médio Oriente cair, a Europa será a próxima”. Declarações que pretendem “tentar segurar os aliados europeus e ocidentais, sabendo que nos últimos dias tem perdido e tem tido um dano reputacional pelo número muito elevado de baixas civis, pelas ações israelitas em Gaza”.

O comentador da SIC sublinha ainda que “os EUA vão continuar a apoiar Israel na legitimidade de atacar o Hamas, embora com a administração Biden a pressionar Israel relativamente à questão humanitária e também a falar com uma alternativa árabe moderada na região”.

Cimeira Irão-Arábia Saudita organizada pela China põe em causa “esforços americanos”


No domingo, o Presidente do Irão vai à Arábia Saudita, “numa cimeira da organização de cooperação que é considerada a grande voz do mundo muçulmano, promovida pela China”.

Germano Almeida explica que “apesar dos esforços americanos de isolar o Irão e colocar países árabes, incluindo a Arábia Saudita, do lado da solução da Autoridade Palestiniana, isto não é bem assim, porque Irão e Arábia Saudita, os grandes rivais do mundo muçulmano, xiita e sunita na região, vão estar no domingo no mesmo fórum e isto mostra que a via americana de isolar o Irão é mais complicada do que parece”.