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“Senti que era uma coisa muito má”: a chamada que mudou a vida de Ahmad

Ahmad veio para Portugal em 2014 à procura de paz. A mulher seguiu-lhes os passos, mas o nascimento do segundo filho pesou no regresso à Faixa de Gaza. Na quarta-feira, Ahmad recebeu a chamada que mudou a sua vida.

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Ahmad Ashour perdeu a mulher e dois dos três filhos no bombardeamento de quarta-feira na Faixa de Gaza. A SIC falou com o homem, que recorda o momento em que recebeu a notícia.

“Recebi a chamada do meu irmão, estava a chorar e não percebi porquê, mas senti que era uma coisa muito má. Tive de ligar várias vezes para receber a informação que a minha esposa e filhos passaram para outra vida”, conta.

Ahmad veio para Portugal em 2014 à procura de paz e para terminar o doutoramento. A mulher seguiu-lhe os passos. O nascimento do segundo filho, já em Portugal, acabou por pesar no regresso da família à faixa de Gaza.

"Na Palestina temos mais familiares, avós, tios, e pensámos que podia ser um apoio para nós. (...) Em Gaza temos tudo, mas não temos paz”, lamenta.

A mulher e as crianças regressaram então à cidade natal, mas Ahmad ficou em Portugal, em pânico desde o dia em que começaram os bombardeamentos.

Ahmad culpa as autoridades portuguesas. Diz que o Ministério dos Negócios Estrangeiros não fez os esforços necessários e lamenta que, só depois de ter perdido a família, é que o Ministério esteja a falar com as autoridades israelitas.

“Sempre a dizerem que não podem fazer nada. Não conseguem porquê? Estamos a falar da vida das pessoas. Um país não consegue tirar seis pessoas? Outros saíram… dizem que a lista dos portugueses não chegou”.