Os últimos desenvolvimentos do conflito entre Israel e o Hamas levaram todas as atenções para o Hospital Al-Shifa, situado no norte de Gaza, que recebeu uma ordem de evacuação do exército israelita. Israel diz que a unidade hospitalar era usada como base do grupo, vários médicos que trabalhavam no hospital já vieram negar esse cenário e sublinhar as condições desumanas em que os doentes tiveram de ser retirados do local.
Para Victor Ângelo, ex-secretário-geral-adjunto da ONU, “a questão do Hospital Al-Shifa é extremamente complexa e fundamental para os israelitas”, pois “precisam de demonstrar a qualquer preço que aquele hospital era o centro de comando do Hamas”.
“A realidade é que até agora as provas que têm vindo do hospital e as imagens que têm chegado através das diversas agências de informação e, até através da propaganda militar israelita, não são convincentes, de modo algum”, declarou, na SIC Notícias.
Além disso, “é preciso não esquecer que o hospital tinha pessoal das Nações Unidas, pessoal dos Médicos Sem Fronteiras e de outras organizações internacionais, e evidentemente que esse pessoal médico, se houvesse um centro de comando do Hamas, não trabalharia de modo algum nesse hospital”, sublinhou Victor Ângelo, lembrando que um cenário desses colocaria em risco a “credibilidade” e o “financiamento” dessas mesmas instituições.
“A minha experiência diz-me que, na realidade, o hospital não deveria ter servido como centro de comando do Hamas e o que Israel está a tentar fazer é justificar a posteriori um ataque, que é um ataque que viola a lei internacional e que é considerado pela legislação humanitária internacional um crime de guerra”, destacou o antigo secretário-geral-adjunto da ONU.