Os republicanos bloquearam na quarta-feira a aprovação no Senado dos Estados Unidos de um projeto orçamental de cerca de 97.500 milhões de euros, que inclui verbas para apoiar a Ucrânia e Israel. O Presidente russo esteve ontem na Arábia Saudita e nos Emirados Árabes Unidos, hoje recebe o Presidente do Irão em Moscovo, numa “demonstração de força diplomática”, considera Germano Almeida.
O Senado norte-americano chumbou com 51 votos contra, 49 a favor e era preciso 60 a favor para passar o pacote que o Presidente tinha apresentado: tinha proposto juntar tudo, Ucrânia, Israel, Taiwan e a segurança interna na fronteira com o México.
“Está aqui um problema de impasse político no Congresso americano. Os Republicanos, embora não assumindo que querem acabar com o apoio à Ucrânia, querem dar prioridade à questão interna da fronteira com o México, uma questão securitária interna. Isto vai ter que se resolver com eventuais concessões dos democratas".
Mas o apoio norte-americano à Ucrânia é crucial, como disse o Presidente Biden, que, umas horas antes, avançou com mais um pacote de ajuda à Ucrânia de 175 milhões de dólares, ainda dentro do financiamento que a Casa Branca ainda tem para a Ucrânia.
Mas avisou: "atenção que este dinheiro está a acabar e é preciso que o Congresso aprove novo financiamento muito maior de 64000 milhões".
“Portanto, ainda não acabaram as esperanças dos Estados Unidos continuarem a apoiar a Ucrânia até a eleição, mas ficou ainda mais difícil”.
Putin investe na diplomacia no Médio Oriente
Vladimir Putin esteve ontem na Arábia Saudita e nos Emirados Árabes Unidos e hoje recebe em Moscovo o Presidente do Irão.
“Putin já mostrou nestes dois dias força diplomática numa altura em que, no terreno na Ucrânia, tem cada vez mais problemas. Porque em dois dias consegue reunir-se com o Príncipe Mohammad bin Salman, príncipe regente da Arábia Saudita. Hoje recebe o Presidente do Irão Ebrahim Raisi. Irão e Saudita são os dois grandes rivais do mundo muçulmano os dois grandes esteios sunita e xiita, respectivamente”.
Para Germano Almeida, Putin queria demonstrar força e “mostrar também que, junto do mundo muçulmano, tem, mesmo que eles não declarem apoio a Putin na guerra da Ucrânia, continua a ter capacidade de ter uma força a nível económico e de cooperação noutros âmbitos”.
Israel pede a demissão de Guterres
Israel pede a demissão do Secretário-Geral da ONU, que acusa de ser “um perigo para a paz mundial” por causa da carta escrita por António Guterres ao Conselho de Segurança a pedir um cessar-fogo.
“Guterres não tem sido imparcial porque tem sido muito crítico em relação a Israel e tem focado mais em algo que é importante focar, que é a questão humanitária e a catástrofe humanitária em Gaza”.
Por outro lado, “não nos podemos esquecer que Guterres é líder de uma instituição, a ONU, que tem funcionários no terreno e desde 7 de Outubro morreram mais de 100 na sequência dos ataques israelitas a Gaza”.
Guterres como secretário-geral não tem o poder de exigir ao Conselho de Segurança decisões - o Conselho de Segurança toma decisões à margem do Secretário-Geral. Alegar o artigo 99 da Carta das Nações Unidas, pedindo ao Conselho de Segurança das Nações Unidas para agir, é o máximo que o secretário-geral pode fazer.
“Israel volta a dizer que isso é um ato parcial e, portanto, exige a demissão do secretário-geral da ONU numa exigência que é, naturalmente, excessiva”.