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Oscar Pistorius sai em liberdade condicional: o que se segue para o ícone que virou vilão

Pistorius foi, em tempos, uma inspiração para milhões de pessoas em torno do globo, mas tudo mudou quando, há mais de 10 anos, assassinou a namorada. Agora, volta a ser um homem (quase) livre. A mãe da vítima já reagiu à libertação.

Oscar Pistorius sai em liberdade condicional: o que se segue para o ícone que virou vilão
Themba Hadebe

O crime perpetrado pelo antigo campeão paralímpico, em 2013, chocou o mundo e deu início a um caso que viria a arrastar-se durante anos. Mas, esta sexta-feira, o homem que já foi adorado em todo o mundo deixou a prisão e vai agora viver em liberdade (bastante limitada). O que se segue para Pistorius?

Esta sexta-feira, Oscar Pistorius saiu da prisão em liberdade condicional, quase 11 anos após ter assassinado a tiro a namorada, Reeva Steenkamp. A imprensa sul-africana escreve que o antigo campeão paralímpico, que era um ícone no seu país, vai viver para a mansão de um tio em Waterkloof, um bairro localizado nos arredores de Pretória.

Liberdade, mas nem tanto

Apesar de a partir desta sexta-feira já não viver encarcerado, Pistorius não é um homem totalmente livre. Isto porque as condições de liberdade condicional – que dura até 2029, ano em que termina a sua sentença - a que está sujeito são bastante rígidas.

O antigo paraatleta está impedido de abandonar a sua área de residência sem autorização prévia, de beber álcool, de prestar declarações junto da imprensa e tem de frequentar programas de controlo da raiva e de violência contra as mulheres. Para além de tudo isto, está obrigado a prestar serviço comunitário.

O cumprimento de todas estas obrigações será comprovado através de encontros entre Oscar Pistorius e agentes de liberdade condicional e de visitas, não anunciadas, à sua habitação por parte das autoridades.

Todas as alterações significativas na vida do ex-atleta – como, por exemplo, se quiser arranjar emprego ou mudar de casa - devem ser comunicadas.

Claro está que o incumprimento destas obrigatoriedades fará com que o sul-africano regresse de imediato à prisão.

Novo rumo?

O Daily Mail noticia que, uma década depois, Pistorius pode trocar o atletismo pela religião e dedicar-se de corpo e alma ao cristianismo.

O antigo recluso terá despendido uma boa parte do tempo em que esteve na prisão de Atteridgville, em Pretória, a estudar a bíblia, juntamente com outros reclusos, e a promover variadas atividades religiosas.

Mãe de Reeva Steenkamp reage

June Steenkamp, mãe da vítima, reagiu, em comunicado, citado pelo Times Live, à saída em liberdade condicional de Oscar Pistorius.

"Quase 11 anos depois, a dor ainda é crua e real, e o meu querido e falecido marido, Barry, e eu nunca conseguimos aceitar a morte de Reeva, ou a forma como ela morreu", começa por referir.


Barry Steenkamp, pai de Reeva, é consolado pela sua mulher, June, durante uma audiência de Oscar Pistorius, a 15 de outubro de 2014.
POOL New

Reconhece que a liberdade condicional faz parte do sistema judicial sul-africano – em que acredita, frisa - e que, por esse motivo, entende que a "lei deve seguir o seu curso".

June Steenkamp refere que os programas de controlo de raiva e de violência contra as mulheres em que o homicida está inserido "enviam uma mensagem clara de que a violência baseada no género é levada a sério" no país.

Contudo, questiona:

"Houve justiça para a Reeva? O Oscar já cumpriu tempo suficiente? Nunca poderá haver justiça se o nosso ente querido nunca mais voltar, e nenhuma quantidade de tempo cumprido trará Reeva de volta. Nós, que ficamos para trás, somos os que estão a cumprir uma pena de prisão perpétua".

Por fim, esclarece que pretende viver os anos vindouros "em paz" com foco na Fundação Reeva Rebecca – que se dedica ao combate à violência contra as mulheres e crianças-, de forma a "continuar o legado" da filha.

Crime aconteceu no Dias dos Namorados

No Dia dos Namorados do ano de 2013, Oscar Pistorius disparou múltiplas vezes contra a namorada, através da porta da casa de banho da habitação que partilhavam. Em 2014, foi condenado a cinco anos de prisão por homicídio.

Mais tarde nesse ano, ficou decidido que Pistorius poderia cumprir o resto da sentença em prisão domiciliária. Uma decisão que, alguns meses depois, veio a ser revertida. Já em 2016, viu a sua pena aumentar de cinco para seis anos e em 2017 para 13 anos e cinco meses.