O Hamas mostrou vídeos de reféns israelitas e prometeu revelar o que aconteceu ou o que vai acontecer a estas pessoas. Para a comentadora da SIC, Maria João Tomás, se disser que estas pessoas estão mortas, “o Hamas mostra que ainda tem força”.
“Nós não imaginamos o que é que se está a passar ali, não temos sequer ideia do número de vivos, do número de mortos. O Hamas está a jogar com os reféns e bem”.
Os cidadãos israelitas às mãos deste grupo terrorista palestiniano “já deviam ter sido resgatados há muito tempo, Netanyahu tem estado a esquecer deles ou então está a pensar que são danos colaterais".
"A prioridade devia ter sido ir buscar os reféns em primeiro lugar e a seguir desmantelar o Hamas e só depois fazer o que quisessem. Isso devia ter sido a prioridade [de Israel] que nunca foi e o Hamas está a jogar e muito bem desse ponto de vista com os reféns
Por isso, Maria João Tomás considera que o Hamas não vai libertar os reféns “até que consiga que Israel faça um cessar-fogo, que é isso que está em cima da mesa e que Israel não quer”.
Netanyahu quer mais dinheiro para a guerra, Hamas tem pouca capacidade militar
Benjamin Netanyahu quer que o orçamento de guerra seja reforçado e já garantiu que a ofensiva vai durar muitos mais meses.
A capacidade militar do Hamas para aguentar durante muito mais tempo estes ataques de Israel é uma incógnita, uma vez que “nós não sabemos onde é que começam e onde é que acabam os túneis (…) nós não sabemos quantos é que lá estarão dentro”.
Mas será uma capacidade militar reduzida, considera Maria João Tomás.
“A única capacidade de negociação que eles têm são os reféns e eles nunca os vão largar”.
Porque é que só morrem mulheres e crianças? Onde é que estão os homens?
Maria João Tomás refere um dado que a tem feito pensar: “porque é que é só mulheres e crianças que morrem? E os homens, onde é que estão? Nós vimos muitos homens nas manifestações na rua, mas depois só morrem mulheres e as crianças que são colocadas como escudos humanos”.
“É a realidade crua, isto é crime de guerra. É tão crime de guerra, como algumas coisas que Israel está a fazer, é igual”.
"Hezbollah está a prepara-se para um ataque em grande para vingança de Arouri"
O Hezbollah está para responder, ainda não respondeu à morte de Arouri e, portanto, temos que estar à espera que isso aconteça mais dia menos dia.
“O Hezbollah tem muita capacidade militar. Aquilo que aconteceu em Beirute em 2020, a explosão era um paiol do Hezbollah. Portanto, eles têm muita capacidade militar e provavelmente o Irão está a dar-lhes ainda mais capacidade”.
Israel está a ser cercado em 7 frentes como eles próprios dizem: o Líbano, a Síria, o Iraque, o Irão e o Iémen. A Cisjordânia eles contam como dois, Judeia e Samaria.
“Mas o objetivo é esse, o objetivo é distrair Israel do foco de Gaza para ver se o Hamas se consegue reorganizar”.
“Nem os países árabes gostam do Hamas”
Maria João Tomás considera que “neste momento, o Hamas tem pouca capacidade”. Tem andado a fazer apelos aos países árabes para participarem na luta contra Israel, mas há questões que se esqueceu.
“Esqueceu-se dos acordos de Abraão, que estava a acontecer quando foi o ataque de 7 de de de Outubro e que era uma aproximação dos países árabes e Israel, por interesses económicos”, sublinha Maria João Tomás.
Também existia o acordo da China, que conseguiu mediar entre o Irão e a Arábia Saudita. Portanto, o Médio Oriente estava a mudar e “não sei até que ponto é que o Hamas pode continuar a ter o apoio dos árabes numa situação destas, porque nem os países árabes gostam do Hamas e aqueles que o apoiam, de uma maneira ou de outra, como por exemplo, a Turquia, não quero lá os seus militantes”.
Há militantes do Hamas na Turquia e o Erdogan já disse que não os quer lá.
“Ninguém quer o Hamas. Eles têm que perceber que tem que haver ali uma mudança”.