O apoio à Ucrânia joga-se nesta altura em duas geografias diferentes, na União Europeia e nos Estados Unidos. Para Germano Almeida, a situação mais difícil de desbloquear é a norte-americana.
“As duas são difíceis. Parece-me claramente que a questão europeia é uma questão mais de jogada do Senhor Orban de saber o que é que vai ganhar com isso e mostrar que pode condicionar essa ajuda”.
Germano Almeida explica que há sinais que no Conselho Europeu de 1 de fevereiro, o primeiro-ministro da Hungria, que vai presidir ao Conselho Europeu no âmbito da presidência rotativa, “não vai querer ser mais sancionado, não vai querer correr o risco de perder o direito de voto”.
“Vai acabar por encontrar uma solução que possivelmente passará, em vez de ser logo 50.000 milhões a quatro anos, haver uma revisão anual de 12,5 mil milhões de uma ajuda macrofinanceira que é importante que é fundamental, nomeadamente para o financiamento do Estado ucraniano”.
Mas Germano Almeida sublinha que a ajuda europeia - e os vários pacotes anunciados pelos vários países como os 3 mil milhões do Reino Unido, 8 mil milhões da Alemanha, 2 mil milhões dos Países Baixos, França e Itália juntas dão menos de metade da Alemanha - “não resolve a questão militar”.
“Não há alternativa ao pacote americano, porque o pacote americano são 64 mil milhões”.
Dos 100 mil milhões de dólares para a segurança americana, 64 mil milhões são para a Ucrânia, “não é um problema de dinheiro, é um problema de decisão política”.
“Estamos longe de saber que vá haver uma solução a americana porque, infelizmente, os líderes republicanos no Congresso associaram esta questão à agenda presidencial de Donald Trump”.
Germano Almeida considera que há uma articulação entre a agenda presidencial de Donald Trump, que “quer parecer como o arquiteto da paz, que não vai ser paz nenhuma, é uma paz miserável de forçar Zelensky a uma cedência, e Donald Trump dizer que conseguiu o que Biden não conseguiu, no fundo, usando a sua influência junto de Putin”.
“O alinhamento autocrático vai subindo alegremente”
“Enquanto as democracias ocidentais lideradas pelos Estados Unidos, vacilam, o alinhamento autocrático vai subindo alegremente, sem que ninguém o perturbe muito”.
Putin recebeu ontem a chefe da diplomacia norte-coreana, Choe Son Hui, que já tinha falado com o seu homólogo Lavrov horas antes, e a cooperação militar Rússia-Coreia do Norte alarga-se: 1 milhão de munições, estima o Ministério da Reino Unido
Há também a ligação da Russia com o Irão e com a Bielorrússia, com “o senhor Lukashenko a dizer que vai rever o seu conceito de defesa nacional, admitindo pela primeira vez o uso de armas nucleares” que a Rússia colocou na Bielorrússia.
“A Rússia está a usar o seu alinhamento autocrático enquanto a Ucrânia não tem esse apoio”.