O presidente do Comité Militar da NATO diz que a guerra entre a Rússia e a Ucrânia está num impasse. Citado pela Sky News, admite que os ataques russos foram devastadores em termos de vítimas, mas não são militarmente eficazes. Entretanto, um drone ucraniano foi abatido em Klintsky, num segundo dia seguido de ataque da Ucrânia em solo russo. Germano Almeida explica as pretensões destas ofensivas militares, na análise aos últimos desenvolvimentos da guerra na Ucrânia, onde é agora evidente o apoio da Coreia do Norte à Rússia.
"É claramente uma demonstração da Ucrânia que, apesar das dificuldades, ainda tem a capacidade de atingir solo russo. O ataque de ontem em São Petersburgo foi a um depósito de petróleo, teve mais mais consequência, um pouco mais racional que o de das últimas horas", começa por referir o comentador da SIC.
O comentador da SIC lembra a ideia deixada pelo ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, Dmytro Kuleba, recentemente no Fórum de Davos.
“Em 2022 a Ucrânia conseguiu por terra muitos avanços ao reconquistar parte do do território ocupado pela Rússia, sobretudo a Nordeste, um pouco também a Sul em 2023. Essencialmente foi pelo mar, ao atacar a frota da Rússia da Crimeia. Em 2024, que a Ucrânia espera ter ganhos pelo ar. O que queria dizer é que estão à espera dos F-16”.
Germano Almeida acrescenta que, enquanto não chegam os F-16, “a Ucrânia vai essencialmente resistindo, enquanto não tem o apoio que já devia ter do Ocidente”
À procura do apoio da China
O Presidente da Ucrânia está a tentar uma aproximação com a China e está a tentar falar com o homólogo chinês, mas essa diligência não está a ser fácil.
“Os chineses apresentaram uma proposta de paz com 12 pontos, em que o primeiro era o respeito integral pela soberania territorial, à luz da Carta das Nações Unidas e supostamente seria um plano pró-Ucrânia. Mas depois, nos outros pontos a seguir, nunca exigiu à Rússia a retirada das tropas, nem sequer disse que a Rússia era ocupante e o agressor", explica Germano Almeida.
A dúbia posição da China penderá agora para o apoio à Rússia, apesar das diligências anteriores e que estarão na base da tentativa de Zelensky tentar agora encontrar o apoio de Pequim.
Coreia do Norte e a ajuda militar à Rússia
A Coreia do Norte está a ganhar um peso muito grande com o apoio à Rússia. Enquanto o Ocidente vacila, enquanto não há novo pacote americano de ajuda à Ucrânia, Moscovo vai solidificando relações com os aliados.
“A verdade é que do do lado russo, o alinhamento autocrático faz-se muito mais rapidamente e mais facilmente. Nos últimos meses foi aprofundado a parceria militar Rússia-Irão e, sobretudo, com a Coreia do Norte”, diz Germano Almeida.
“A responsável da diplomacia norte-coreana foi recebida por Putin no Kremlin e os americanos têm mostrado os últimos dias provas mais concretas de que a Coreia do Norte já está neste momento a ajudar a Rússia militarmente e que os mísseis balísticos norte-coreanos estão a usar a Ucrânia com uma espécie de palco de ensaio. Isto é uma coisa de uma gravidade extrema e, infelizmente, estamos muito extraídos relativamente a isso”, alerta o comentador da SIC.
Maior exercício da NATO em décadas
A NATO anunciou a realização do maior exercício em décadas, com 90 mil tropas de todos os estados-membros para responder a um desafio de dimensão semelhante.
Para Germano Almeida, trata-se de “uma demonstração de força” para mostrar à Rússia que a Aliança Atlântica está presente.
“Há uma noção por parte dos líderes militares da NATO de que as hesitações e dúvidas políticas, nomeadamente com o que se vai passar nos Estados Unidos em novembro, tem que ter uma antecipação militar”.
A Aliança Atlântica pretenderá também aqui acautelar e sensibilizar para eventuais cenários após as eleições nos EUA, com a eventual eleição de Donald Trump, que tem anunciado posições distintas da atual Administração Biden face à guerra na Ucrânia.