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Análise

"Não é desta forma, matando palestinianos e árabes, que se consegue derrotar o Hamas"

Estará a solução para os deslocados palestinianos no Norte do enclave? A comentadora da SIC, Maria João Tomás, considera que não, uma vez que no Norte "não restam" infraestruturas.

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A comentadora da SIC, Maria João Tomás, analisa, em direto na antena da SIC Notícias, a guerra na Faixa de Gaza com foco na situação em Rafah, onde mais um milhão de pessoas não têm para onde ir.

A comentadora começa por fazer notar que Israel, desde outubro, tem "empurrado" a população de Gaza para sul com a justificação de que Rafah é uma zona segura, algo que não se tem vindo a verificar.

Refere que o acordo que tem mantido a de paz entre Israel e o Egito, desde 1979, pode agora estar em causa, devido à situação vivida em Rafah, localizada junto à fronteira entre os dois países.

"Se já tínhamos o perigo de a guerra escalar para cima, para o Líbano, para a Síria, agora temos a escalada para o Egito", aponta.

"As pessoas vão para onde?"

Mais de um milhão de palestinianos encontram-se agora no Sul de Gaz, desamparados, e sem sítio para ficarem. Estará a solução no Norte do enclave? Maria João Tomás considera que não, uma vez que no Norte "não restam" infraestruturas.

"As pessoas vão para onde?", questiona, antes de alertar para o facto de o território estar a sofrer também com as cheias.

"Há aqui uma situação humanitária gravíssima", afirma.

Acusa o Governo de "extrema-direita" de Israel de se reger por princípios próprios e de não permitir que o Ocidente interfira.

Cita ainda autoridades norte-americana que já disseram que com o escalar do conflito entre Israel e o Hamas, desde outubro, Telavive conseguiu aniquilar apenas um terço do grupo militar pró-Palestina.

"Não é desta forma, matando palestinianos e árabes, que se consegue derrotar o Hamas. Há formas mais eficazes", acredita a comentadora.

Cortar o financiamento aos palestinianos “é condená-los à morte”

Acrescenta que cortar o financiamento aos palestinianos "é condená-los à morte de alguma forma", dado que o financiamento internacional para a Gaza permitia a entrada de medicamentos e comida.

Nega, por outro lado, a ideia que parte desse financiamento pudesse estar a ser canalizado para o Hamas:

"O Hamas é financiado por canais que Israel conhece e que Netanyahu conhece bem e que já podia, há muito tempo, ter cortado essas contas".