Mundo

Análise

"Portugal pode estar em vias de deixar de ser dos países que menos têm ajudado a Ucrânia"

Para Ricardo Alexandre, a vista de Zelensky a Portugal pode significar que o país "pode estar em vias de deixar de ser dos países que menos têm ajudado a Ucrânia". O comentador da SIC e jornalista da TSF fala também da Cimeira da NATO em Washington e da Cimeira de paz promovida por Zelensky.

Loading...

Luís Montenegro revelou que a visita de Volodymyr Zelensky a Portugal vai servir para “aprofundar as excelentes relações”, reforçar a cooperação na segurança e na defesa e "reiterar o compromisso de Portugal com a soberania e integridade territorial da Ucrânia". Ricardo Alexandre, comentador da SIC, considera esta posição do primeiro-ministro, pode significar que Portugal estará "em vias de deixar de ser dos países que menos têm ajudado a Ucrânia".

“Há, entre a opinião pública portuguesa, o apoio bastante considerável à Ucrânia, todos os estudos o indicam. (…) A ideia de ajudar a Ucrânia a recuperar o seu território coloca Portugal ao nível de países como, por exemplo, a Polónia, muito acima de países como a Itália, como a Espanha etc. Mas depois em termos de apoio concreto, isso não se traduz em apoio.”

O comentador SIC explica que este apoio está relacionado com o panorama político, financeiro e militar do país.

Refere também que o apoio dado por Portugal à Ucrânia, desde fevereiro de 2022, está “avaliado em 75 milhões de euros e, portanto, provavelmente essa é a dimensão mais importante que Zelensky vem tratar”.

Ainda sobre o encontro desta terça-feira entre o presidente ucraniano e o primeiro-ministro português, Ricardo Alexandre diz que a reunião de segunda-feira entre Jens Stoltenberg e Paulo Rangel pode ter servido para “Rangel procurar afinar estratégias [para o encontro de hoje] junto do Secretário-Geral da NATO”.

"Vladimir Putin tem de estar presente" na Cimeira de Paz promovida por Zelensky

O jornalista da TSF fala ainda da Cimeira da NATO que vai acontecer em Washington, em julho.

"Sabemos que nesta altura já há países dentro da Aliança Atlântica que defendem que o espaço aéreo da Ucrânia seja supervisionado, nomeadamente na parte ocidental, pela própria NATO, mas isso coloca obviamente, perigos. Teríamos meios da NATO a ser utilizados em território ucraniano" e isto pode colocar a organização “em confronto aberto com a com a Rússia”.

Acrescenta que acredita que esta cimeira vai “ ser sobretudo para consolidar o apoio” à Ucrânia.

Revela também que acredita que os acordos que têm sido feitos entre os países da Aliança também já são a pensar no resultados das eleições norte-americanas.

"Sabemos que há uma forte probabilidade de Donald Trump sair vencedor dessa guerra eleitoral. (…) Daí importância da autonomia estratégica dos países europeus porque Donald Trump vai ter certamente a visão transacional que tem destas coisas. Para ele, é um negócio como tudo mais e se os países europeus não pagarem mesmo aquilo que que é suposto pagarem, desde logo os 2% do produto em defesa, não contarão com a ajuda dos Estados Unidos".

Ao concluir a análise, Ricardo Alexandre aborda ainda outra cimeira, a Cimeira de paz promovida pelo Presidente ucraniano, e diz que, uma vez que é organizada por potências neutrais, não lhe “parece normal” que “o Presidente do país invasor não esteja presente”.

"Eu percebo o lado de Zelensky, que quer sobretudo que seja mais uma cimeira para reunir mais um conjunto de apoios (…), mas se é uma Cimeira de Paz, a outra parte tem de estar presente e Vladimir Putin tem de estar presente", finaliza.