Na primeira visita oficial a Portugal, Volodymyr Zelensky assinou um acordo de cooperação para dez anos. Só este ano, o apoio português a Kiev vai rondar os 126 milhões de euros. Na opinião de Pedro Cordeiro, o apoio à Ucrânia “não é não se mede só em números” e, na Cimeira da Paz promovida por Zelensky, “Portugal pode esforçar-se por trazer países que até agora não têm tido, por várias razões, um posicionamento igual ao das chamadas democracias ocidentais contra a Ucrânia, que são países também geograficamente distantes”, como é caso dos países lusófonos.
O editor de Internacional do Expresso explica que o acordo de cooperação assinado esta terça-feira “pretende ser duradouro (…) é possível que se estenda seguramente para lá do atual Governo de Luís Montenegro. E enquanto Portugal for governado pelas forças que o têm governado nas últimas décadas, não está em risco, uma vez que entre o PS e o PSD há um consenso alargado sobre o apoio à Ucrânia”.
Em relação às expectativas, Pedro Cordeiro entende que “haverá sempre do lado ucraniano vontade de mais, até porque a necessidade é grande”, mas “as dimensões dos países são o que são, provavelmente o anúncio dois dias antes dos 1.100 milhões de Espanha pode ofuscar aquilo que se consegue em Portugal, mas temos que ter em conta não só as questões de escala, como também que o apoio não é não se mede só em números e há apoio que Portugal pode dar na diplomacia que também é muito importante”.
O Presidente da República será enviado como líder da comitiva à Cimeira da Paz, promovida por Zelensky, o que é “um sinal de de representação ao mais alto nível, que mostra a importância que Portugal dá à Cimeira da Paz”, sublinha o editor de Internacional do Expresso.
“É uma cimeira para onde Portugal pode também esforçar-se por trazer países que até agora não têm tido, por várias razões, um posicionamento igual ao das chamadas democracias ocidentais contra a Ucrânia, que são países também geograficamente distantes. Falo de um Brasil, falo dos países africanos lusófonos, sobretudo”, acrescenta.
Argélia prepara projeto de resolução para travar "matança em Rafah"
A Argélia anunciou a intenção de propor ao Conselho de Segurança das Nações Unidas um projeto de resolução "curto" e "decisivo" "para parar a matança em Rafah". Após uma reunião à porta fechada do Conselho de Segurança para discutir precisamente os recentes ataques israelitas a Rafah, o embaixador da Argélia, Amar Bendjama, o único representante árabe deste órgão da ONU, comunicou a sua intenção aos jornalistas.
“Desde logo, temos que saber quais são as condições de ele ser aprovado no Conselho de Segurança das Nações Unidas, onde frequentemente os Estados Unidos, por exemplo, vetam resoluções desfavoráveis a Israel. É verdade que não o fizeram sempre, houve algumas exceções, mas há sempre essa possibilidade e depois tenho grandes dúvidas que uma resolução da ONU a ordenar o fim da ofensiva em Rafah leve efetivamente Israel a pôr fim à ofensiva em Rafah, uma vez que não seria a primeira nem a última resolução da ONU, ignorada por Israel”, defende Pedro Cordeiro.
Reconhecimento do Estado da Palestina
Sobre o recente reconhecimento da Palestina como Estado independente por parte de Espanha, Irlanda e Noruega, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, afirmou que que Portugal não irá tomar para já essa decisão.
"Não creio que um posicionamento seja mais acertado do que outro, é preciso perceber quais são as motivações. Por um lado, há a importância simbólica do reconhecimento da Palestina, que já foi feito, agora com estes novos três [países], 146 Estados membros da ONU. O que há de novidade agora é que já temos vários Estados da Europa Ocidental a reconhecer o Estado da Palestina. Além destes três, também a Suécia já algum tempo o fez.
Claro está que o reconhecimento do Estado da Palestina, não altera nada no terreno. É uma ação para já simbólica, porque da parte dos países que fazem, não torna a Palestina um sítio mais viável para um Estado funcionar", realça o editor de Internacional do Expresso, na análise desta quarta-feira, na SIC Notícias.