O vice-presidente do Conselho de Segurança da Rússia, Dmitry Medvedev, alertou, esta sexta-feira, que a Rússia não está a fazer "bluff" quando ameaça utilizar armas nucleares contra a Ucrânia e reconheceu ainda que a possibilidade de o conflito alastar a nível global é real.
O também antigo Presidente russo, citado pela Reuters, disse que a guerra com Kiev está a desenrolar-se de acordo com o pior cenário possível e que, atualmente, "ninguém pode excluir a transição do conflito para a sua fase final".
"A Rússia considera que todas as armas de longo alcance utilizadas pela Ucrânia já estão a ser controladas diretamente por militares de países da NATO. Isto não é assistência militar, é participação numa guerra contra nós. E tais ações podem muito bem tornar-se um 'casus belli' (um ato que provoca uma guerra)", atirou Medvedev.
Estas declarações surgiram na sequência da decisão dos EUA de autorizarem Kiev a utilizar armas fornecidas por Washington contra alvos militares localizados no território russo.
"Isto não é, infelizmente, nem intimidação nem bluff"
O vice-presidente o Conselho de Segurança russo garantiu que seria "um erro fatal" se o Ocidente pensasse que a Rússia não está pronta para utilizar armamento nuclear tático.
"Isto não é, infelizmente, nem intimidação nem 'bluff'".
Ainda em relação à decisão dos EUA, a Rússia irá retaliar os ataques ucranianos ao seu território perpetrados com recurso a armas fornecidas por Washington, de acordo com Andrei Kartapolov, chefe do comité de defesa da Câmara Baixa de Moscovo, citado pela agência de notícias russa, RIA Novosti
Segundo Kartapolov, a autorização dada por Biden a Kiev não afetará em nada a operação militar na Ucrânia.
Rússia diz que Kiev já utiliza armamento ocidental para atacar o seu território
Já a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo, Maria Zakharova, referiu que as recentes declarações de Jens Stoltenberg, secretário-geral da NATO, acerca da decisão norte-americana revelam que Kiev sempre utilizou armas fornecidas pelo Ocidente para atacar o território russo.
Na quinta-feira, Stoltenberg havia pedido aos Aliados que revissem as restrições colocadas ao armamento ocidental usado pela Ucrânia em território russo, sugerindo que as limitações poderiam ser "reconsideradas" dada a evolução da guerra.
Quem também já reagiu à autorização dada pelos EUA foi o ministro da Defesa da Rússia, Andrey Belousov, que acusou o Governo norte-americano de prolongar o conflito armado ao fornecer constantemente armas e dados de inteligência a Kiev. Disse ainda que com essa postura, o país liderado por Biden está a destruir a arquitetura de defesa global, provocando conflitos para, assim, manter o seu domínio.