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Líder do Hezbollah diz que "nenhum local" de Israel será poupado se houver guerra

Os confrontos transfronteiriços entre Israel e o Hezbollah, aliado do Hamas, eclodiram após o ataque em Israel, a 7 de outubro de 2023, e a resposta arrasadora do exército israelita na Faixa de Gaza.

Líder do Hezbollah diz que "nenhum local" de Israel será poupado se houver guerra
Mohamed Azakir

O líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, advertiu, esta quarta-feira, que "nenhum local" em Israel ficará imune aos mísseis do movimento xiita libanês, caso os dirigentes israelitas decidam concretizar as suas ameaças de atacar o Líbano.

"O inimigo sabe perfeitamente que estamos preparados para o pior (...). Sabe que nenhum local (...) será poupado pelos nossos mísseis", assinalou num discurso transmitido pela televisão.

"Deve esperar-nos por terra, por mar e por ar", acrescentou.

No discurso, Nasrallah também ameaçou o Chipre, caso a ilha decida disponibilizar aeroportos e bases a Israel, em caso de guerra contra o movimento no Líbano.

"A abertura dos aeroportos e de bases cipriotas ao inimigo israelita para atacar o Líbano significaria que o Governo cipriota é parte integrante da guerra", afirmou.

No discurso, o clérigo xiita libanês assegurou que possui atualmente mais de 100.000 combatentes e revelou que diversos movimentos aliados se ofereceram para enviar milícias ao Líbano para combater Israel.

Israel ameaça com "guerra total"

Na terça-feira, o ministro dos Negócios Estrangeiros israelita, Israel Katz, ameaçou o Hezbollah de destruição, na sequência de uma "guerra total", num momento em que se intensificam os confrontos transfronteiriços entre o Exército de Telavive e o movimento libanês.

"Estamos muito próximo do momento em que decidiremos alterar as regras do jogo contra o Hezbollah e o Líbano. Numa guerra total, o Hezbollah será destruído e o Líbano duramente atingido", afirmou Katz através de um comunicado oficial e numa mensagem publicada na rede social X.

Em paralelo, o Hezbollah confirmou, esta quarta-feira, a morte de três combatentes na sequência de ataques israelitas no sul do Líbano, e quando um enviado norte-americano regressou a Israel após encontros com responsáveis oficiais libaneses.

Os 'media' libaneses referiram-se a múltiplos ataques israelitas ao longo da fronteira e numa região a norte da cidade costeira de Tiro, a cerca de 30 quilómetros da fronteira.

O poderoso movimento xiita libanês não especificou o local e o momento da morte dos três combatentes, indicou a estação televisiva Al Manar, vinculada a esta formação, que até agora confirmou cerca de 350 mortos em combate.

Por seu turno, os militares israelitas indicaram que dois disparos de lança-foguetes pelo Hezbollah danificaram vários veículos no norte de Israel.

EUA fala em "perigo extremo"

Amos Hochstein, enviado especial do Presidente dos Estados Unidos Joe Biden, regressou a Israel após encontros mantidos na terça-feira no Líbano. Não foram reveladas informações sobre eventuais progressos nos esforços para evitar uma guerra em larga escala na região.

Ainda em Beirute, Hochstein afirmou que uma solução "política e rápida" do conflito "é do interesse de todos", antes de frisar a necessidade de "impedir uma maior escalada entre Israel e o Líbano e uma guerra aberta", apesar de a situação na fronteira "ser extremamente perigosa".

Os confrontos transfronteiriços entre Israel e o Hezbollah, aliado do Hamas, eclodiram na sequência da incursão do movimento islamita palestiniano em Israel a 7 de outubro de 2023, com uma imediata e arrasadora intervenção do Exército israelita na Faixa de Gaza.

O Hezbollah afirma que já efetuou mais de 2.100 operações militares contra Israel desde então, e na última semana, intensificou os ataques contra alvos militares no norte do país, após a morte de um dos seus principais comandantes num ataque aéreo israelita.

Mais de oito meses de violência provocaram pelo menos 473 mortos no Líbano, na maioria combatentes do movimento xiita libanês, e 92 civis, indica a agência noticiosa AFP. Segundo Israel, foram mortos no mesmo período 15 soldados e 11 civis israelitas.