O chefe da diplomacia ucraniana, Dmytro Kuleba, começa esta terça-feira uma visita sem precedentes à China, onde vão ser discutidas soluções para o fim da guerra na Ucrânia e o possível papel de Pequim para um acordo.
Quase 29 meses depois do início da invasão da Rússia, o ministro ucraniano dos Negócios Estrangeiros vai discutir as relações bilaterais com o homólogo chinês, Wang Yi.
A viagem do ministro ucraniano começa esta terça-feira e termina na próxima quinta-feira, dia 25 de julho, segundo o Ministério dos Negócios Estrangeiros ucraniano.
“O principal tópico de discussão vai ser encontrar maneiras para parar a agressão russa e o possível papel da China em alcançar uma paz estável e duradoura”, escreveu o ministério num comunicado citado pela agência Reuters.
Do lado chinês, um comunicado confirmou a visita de Kuleba, mas de 23 a 26 de julho e sem acrescentar detalhes.
Uma "visita invulgar"
A Reuters fala numa "visita invulgar" a um país que é o principal parceiro económico e diplomático de Moscovo. Apesar de se considerar neutra no conflito, a China nunca condenou a invasão russa. Já a Ucrânia tem mostrado contenção nas críticas à Pequim.
A visita surge após o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, ter aberto, pela primeira vez, a porta a conversações com a Rússia, ao afirmar ser favorável à participação de Moscovo numa futura cimeira de paz.
No mês passado, o governo chinês não participou na cimeira de paz, promovida por Kiev, na Suíça, para protestar contra a ausência da Rússia, que não foi convidada.
Na altura, Zelensky, disse que apenas os países mais poderosos do mundo conseguiriam acabar com a guerra, destacando a China e os Estados Unidos. O líder ucraniano disse mesmo que a China deveria ter um papel importante na resolução do conflito.
Nos últimos meses, surgiram várias iniciativas de paz enquanto a guerra continua em solo ucraniano. Isto numa altura em que as eleições de novembro nos Estados Unidos podem trazer mudanças. O candidato Donald Trump ameaçou cortar os fundos enviados para a Ucrânia, essenciais para lutar contra a Rússia.
O apelo da China
No ano passado, o país asiático apelou numa proposta de paz, ao respeito pela integridade territorial de todos os Estados - incluindo a Ucrânia.
A China pretende apresentar-se como um parceiro comedido em comparação com o Ocidente, que acusa de "deitar lenha para a fogueira", ao fornecer armas à Ucrânia.
No início de julho, o Presidente chinês, Xi Jinping, apelou à comunidade internacional para "criar as condições" para um "diálogo direto" entre Kiev e Moscovo, durante um encontro, em Pequim, com o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orban.
O enviado de Pequim para a questão ucraniana, o experiente diplomata Li Hui, antigo embaixador em Moscovo, fez várias viagens a Bruxelas, Rússia, Ucrânia, Médio Oriente e Turquia.
Pequim apela ao fim dos combates, uma posição criticada pelo Ocidente, que considera que isso equivale a permitir à Rússia consolidar as suas conquistas territoriais na Ucrânia.
A China estabeleceu as condições para a sua participação: uma cimeira deve, na sua opinião, "permitir a participação igual de todas as partes" e uma "discussão justa de todos os planos de paz" - incluindo a posição russa.
A China oferece um apoio económico crucial à Rússia, que é alvo de pesadas sanções ocidentais.
Com Lusa