Luís Montenegro decidiu em abril que queria Maria Luís Albuquerque como Comissária Europeia e foi nessa altura que falou pela primeira vez no nome a Ursula von der Leyen. A alemã reuniu-se com a ex-ministra das Finanças em agosto, antes do anúncio do primeiro-ministro.
Há cinco meses que Maria Luís Albuquerque sabia que o lugar de comissária poderia ser dela. Foi sondada por Luís Montenegro em abril, altura em que o primeiro-ministro decidiu que deveria ser ela a ocupar cargo.
Abril foi também o mês em que Montenegro se estreou numa Cimeira de Líderes, em Bruxelas, mas o Conselho Europeu serviu ainda para à margem começar a testar o nome da futura comissária junto de Ursula Von der Leyen.
Foi aí a primeira-vez que falou de Maria Luís à alemã e, segundo fonte de São Bento, entregou-lhe também o currículo da ex-ministra das Finanças de Passos Coelho.
O primeiro-ministro estava já de olho numa pasta económica, mas dessa ambição só falou mais tarde, no inicio de junho, quando se encontrou com Von der Leyen no Porto. Nessa altura, também ela estava em campanha para voltar a ser presidente.
No final de uma arruada em Santa Catarina, a alemã anunciou que se ganhasse criaria o cargo de comissário das pescas a tempo inteiro, mas não essa era pasta que o Governo português queria.
Se há cinco anos António Costa apostou na gestão do dinheiro a fundo perdido, conseguindo há cinco anos a pasta da Coesão para Elisa Ferreira, agora Luís Montenegro segue agora a lógica contrária e quer uma comissária a trabalhar na captação e mobilização de investimento privado.
O anúncio chega finalmente a 28 de agosto quando a maioria dos líderes já o tinha feito e se tornava claro que Von der Leyen precisava de mais mulheres para ter uma equipa paritária.
Um anúncio que é feito um dia depois de Maria Luís ter ido a Bruxelas encontrar-se com a alemã, confirmam duas fontes. Terá havido sintonia entre as duas e é depois desse encontro que Luís Montenegro, mais certo de que conseguiria a desejada pasta económica. Mas a certeza só chegou esta semana.
A comissária indigitada prepara-se agora para passar no teste dos eurodeputados. Terá de provar que não tem conflitos de interesses com a pasta e que está à altura do cargo.