O Parlamento Europeu (PE) reconheceu, na quinta-feira, Edmundo González como o Presidente legítimo da Venezuela. A resolução foi aprovada com 309 votos a favor, 201 contra e 12 abstenções. Os eurodeputados portugueses do PSD, CDS e Chega votaram a favor, assim como cinco dos oito dos eurodeputados do Partido Socialista (PS). Segundo Javi López, vice-presidente do Parlamento Europeu, o PPE decidiu construir um acordo com Giorgia Meloni, Marine Le Pen, Viktor Orbán e com o apoio da extrema-direita alemã.
Em entrevista à SIC Notícias, Sebastião Bugalho considera que as declarações do socialista são "muito políticas mas, pouco factuais".
"Ele esteve à mesa das negociações desta resolução. Portanto, se há prova de que não houve qualquer tentativa de negociação com a extrema-direita, é que ele foi o negociador em nome do Partido Socialista Europeu".
O eurodeputado e vice-coordenador do Partido Popular Europeu (PPE) recorda que foi o seu partido quem apresentou a resolução para reconhecer Edmundo González como o Presidente legítimo da Venezuela. O principal opositor de Nicolás Maduro está, atualmente, exilado em Espanha depois da justiça venezuelana ter emitido um mandado de captura em seu nome.
Na opinião de Sebastião Bugalho, o Parlamento Europeu, enquanto "casa defensora da democracia", tinha o dever de reconhecer a escolha dos venezuelanos que terão escolhido Edmundo González, nas últimas eleições.
"Nós escutámos todos os grupos políticos porque numa resolução que visava reconhecer um presidente eleito, queríamos ter o maior apoio possível do Parlamento Europeu, dos 720 eurodeputados."
Quase metade dos eurodeputados do Partido Socialista (PS) votaram contra o reconhecimento de Edmundo González. Perante estes números, Sebastião Bugalho prefere antes focar-se na "maioria reconhecedora" - os 14 eurodeputados portugueses - que votaram a favor.
Houve concordância com Luís Montenegro?
"O Governo sabia da intenção do PPE e da delegação portuguesa e espanhola que tiveram iniciativa de apresentar a resolução e reconhecer Edmundo González. Nós como eurodeputados somos muito mais livres do que os Governos."
Sobre uma possível concordância por parte de Luís Montenegro, Sebastião Bugalho não responde diretamente. Recorda apenas que, neste momento, o primeiro-ministro tem outras preocupações em mãos.
"Eu tenho a certeza que o primeiro-ministro enquanto o país está atravessar um momento trágico relacionado com os incêndios, em que eles está dedicado 24 horas por dia, não anda a vigiar a atividade dos eurodeputados. Naturalmente todos os Governos europeus sabiam da iniciativa do PPE antes de ir à plenária", frisa o eurodeputado.
Deverá Portugal reconhecer Edmundo González?
"Na resolução não consta nenhuma vontade de que os Estados-membros o façam [reconhecer Edmundo González], essa é uma posição também da delegação portuguesa, porque nós consideramos que os Governos têm uma sensibilidade mais apurada para o momento certo. Nós somos a favor de que todos os Governos reconheçam algo que aconteceu, mas respeitamos o timing de cada Governo tendo em conta que estamos a lidar com um regime altamente instável".