O Governo do Paraguai convocou na terça-feira o embaixador do Brasil no país, na sequência de um alegado caso de espionagem de Inteligência (Abin) a sistemas do governo paraguaio.
"Convocamos o embaixador do Brasil no Paraguai, José Antônio Marcondes, para que ele ofereça explicações detalhadas sobre a ação de inteligência conduzida pelo Brasil, mediante a entrega de uma nota oficial que explique detalhadamente as ações desenvolvidas no marco dessa ordem, que foi colocada em prática pelo governo do Brasil", afirmou o chanceler paraguaio, Rubén Ramírez, citado pelo portal brasileiro G1.
A ação terá tido como objetivo roubar informações sobre as negociações de tarifas de eletricidade na usina hidrelétrica de Itaipu, que é compartilhada pelos dois países.
De acordo com a investigação do portal UOL, o ataque informático permitiu o acesso aos computadores de "cinco ou seis" altos funcionários paraguaios, todos eles diretamente envolvidos nas negociações sobre a tarifa que o Brasil paga ao Paraguai de energia.
Dessa forma, a Abin obteve os valores que o Paraguai pretendia propor nas negociações tarifárias, bem como informações sobre a sua posição em relação ao anexo C do tratado de Itaipu, segundo o portal brasileiro.
No ano passado, os dois países concordaram em elevar as tarifas pagas pelo Brasil para os próximos três anos.
Ao mesmo tempo, assinaram um instrumento de entendimento para modificar o Anexo C, que permitirá ao Paraguai vender livremente a sua energia excedente ao mercado brasileiro, regulado ou não regulado.
O acordo deverá ser assinado em 30 de maio, anunciou a presidência paraguaia no mês passado.
O Anexo C, assinado em 1973, obriga o Paraguai a vender ao Brasil o excedente da sua cota de energia produzida em Itaipu a preços preferenciais.
O que está em causa?
Na segunda-feira, o Governo brasileiro desmentiu "categoricamente qualquer envolvimento em ação de inteligência" e frisou que a "citada operação foi autorizada pelo governo anterior, em junho de 2022, e tornada sem efeito pelo diretor interino da ABIN em 27 de março de 2023, tão logo a atual gestão tomou conhecimento do fato".
A Agência de Inteligência terá invadido os computadores da Presidência, do Congresso, do Senado e da Câmara do Paraguai através de um e-mail espião, durante a presidência de Jair Bolsonaro.
Com LUSA