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Cúmplice de Jeffrey Epstein vê interrogatórios como "oportunidade" para reduzir pena

O FBI e o Departamento de Justiça confirmaram não haver provas de uma 'lista de clientes' de Epstein, causando uma crise entre apoiantes de Trump. Maxwell foi condenada por tráfico sexual de menores em 2021.

Cúmplice de Jeffrey Epstein vê interrogatórios como "oportunidade" para reduzir pena
John Minchillo

Os advogados de defesa de Ghislaine Maxwell afirmaram esta sexta-feira que a cúmplice do falecido Jeffrey Epstein é um "bode expiatório" do caso e que os interrogatórios com os procuradores norte-americanos são uma "oportunidade" para revisão do seu processo.

No início do segundo dia consecutivo de interrogatório do procurador-geral adjunto Todd Blanche a Maxwell, o seu advogado disse esperar "mais um dia produtivo", depois de a antiga parceira de Epstein "ter sido tratada injustamente durante mais de cinco anos".

"Se procurarem 'bode expiatório' no dicionário, o rosto dela (de Maxwell) aparecerá ao lado da definição. Por isso, estamos gratos por esta oportunidade de podermos finalmente dizer o que realmente aconteceu", afirmou o advogado à imprensa em Tallahassee, na Florida.

Trump não ponderou assunto

Donald Trump admitiu que, embora tenha o poder de perdoar Maxwell, não ponderou o assunto.

"Na verdade, tenho poder para o fazer, mas não é algo em que tenha pensado", disse à imprensa antes de partir para a Escócia.

A confirmação pelo Departamento Federal de Investigação (FBI) e o Departamento de Justiça (DOJ), no início deste mês, de que não havia provas da existência de uma "lista de clientes" chantageados por Epstein, e que a morte do pedófilo numa prisão federal em 2019 resultou de suicídio, levou a uma crise inesperada entre os membros do movimento MAGA ("Make America Great Again", "Tornar a América Grande de Novo") de Donald Trump.   

Sob pressão de segmentos conspiracionistas da sua base política para divulgar mais informações sobre o caso Epstein, criminoso sexual com quem manteve relações próximas durante décadas, Trump negou o conhecimento ou o envolvimento nos crimes de Epstein e disse que terminou a amizade há anos.

O interrogatório a Maxwell foi uma das medidas anunciadas pelo DOJ para tentar conter as críticas, que se estendem a setores do Partido Republicano, incluindo congressistas.

"Em condições terríveis e horríveis há cinco anos"

O advogado de Maxwell denunciou que a cúmplice de Epstein "está em condições terríveis e horríveis há cinco anos".

"Não aceitaríamos animais nas condições em que ela foi mantida na prisão. Por isso, é incrível que ela consiga manter o ânimo tão elevado, e estamos orgulhosos disso", disse Markus.

Os media norte-americanos têm dado conta da possibilidade de Maxwell ter a sua pena reduzida por cooperar com as autoridades, fornecendo detalhes importantes sobre o caso.

Em 2008, Epstein enfrentou acusações estaduais relacionadas com o abuso sexual de menores na Florida, mas chegou a um polémico acordo secreto com o Ministério Público que lhe permitiu declarar-se culpado de solicitação de prostituição e cumprir 13 meses de prisão.

Onze anos depois, foi acusado em Nova Iorque de acusações federais de tráfico sexual de menores e conspiração, mas morreu na prisão antes de ser julgado.

Maxwell foi considerado culpado em dezembro de 2021 de cinco acusações federais relacionadas com o tráfico sexual de menores, incluindo conspiração para recrutar, transportar e abusar de raparigas menores de idade em benefício de Epstein.  



Com LUSA