A presidente da Comissão Europeia denunciou esta quarta-feira, no discurso sobre o Estado da União, a "imprudente violação sem precedentes" de drones russos no espaço aéreo polaco, manifestando "total solidariedade" da UE com a Polónia.
"Hoje vimos uma imprudente violação sem precedentes do espaço aéreo da Polónia e da Europa [...]. A Europa manifesta total solidariedade com a Polónia", declarou Ursula von der Leyen.
De acordo com Ursula von der Leyen, a UE vai "continuar apoiar todos os esforços diplomáticos para pôr fim a esta guerra" causada pela invasão russa da Ucrânia.
"Mas todos nós já vimos o que a Rússia entende por diplomacia: Putin recusa-se a encontrar-se com o Presidente Zelensky e, na semana passada, a Rússia lançou o maior número de drones e mísseis balísticos num único ataque e ontem houve um ataque com mísseis a uma aldeia em Donetsk, visando pessoas que esperavam para receber as suas pensões", disse.
"As imagens que vimos no Alasca não foram fáceis de engolir", continuou a presidente da Comissão Europeia, que, acrescentou ainda, querer uma nova forma de financiar a Ucrânia com base no dinheiro dos ativos russos que estão congelados.
"Temos de trabalhar urgentemente numa nova solução para financiar o esforço de guerra da Ucrânia com base nos ativos russos imobilizados. Com os dados de caixa associados a esses ativos russos, podemos conceder à Ucrânia um empréstimo de reparação. Os ativos em si não serão trocados. E o risco terá de ser suportado obviamente. A Ucrânia só pagará o empréstimo quando a Rússia pagar as reparações."
Europa está em luta e deve ser independente
No discurso sobre o Estado da União, Von der Leyen disse, também, que a Europa "está em luta" pela paz, democracia e liberdade e pelo seu futuro, devendo aproveitar o momento "para ser independente".
"A Europa está em luta, uma luta por um continente unido e em paz, por uma Europa livre e independente, uma luta pelos nossos valores e pelas nossas democracias, uma luta pela nossa liberdade e pela nossa capacidade de determinar o nosso próprio destino. Não se enganem: esta é uma luta pelo nosso futuro", disse Ursula von der Leyen.
Na sessão plenária na cidade francesa de Estrasburgo, no primeiro discurso sobre o Estado da União do segundo mandato e o quinto do seu percurso europeu, a líder do executivo comunitário salientou que "a Europa tem de lutar" e que "este deve ser o momento da independência".
Desde logo, para "cuidar da sua própria defesa e segurança", mas também de áreas como a tecnologia, energia e democracia. E ainda "pelo seu lugar num mundo em que muitas grandes potências são ambivalentes ou abertamente hostis à Europa", acrescentou, no dia em que a Polónia denunciou a presença de drones (veículos não tripulados) no espaço aéreo do país.
A presidente da Comissão Europeia admitiu que ponderou "se devia começar o discurso [...] com uma avaliação tão severa".
"Afinal, nós, europeus, não estamos habituados - nem nos sentimos à vontade - para falar nestes termos porque a nossa União é, fundamentalmente, um projeto de paz, mas a verdade é que o mundo de hoje é implacável", apontou.
"Não podemos ignorar as dificuldades que os europeus sentem todos os dias" relacionadas com a crise global e subida do custo de vida, de acordo com Ursula von der Leyen.
Segundo a responsável, os cidadãos europeus também "se preocupam com a espiral interminável de acontecimentos que veem nas notícias, desde as cenas devastadoras em Gaza até ao bombardeamento implacável da Ucrânia pela Rússia".
"Não podemos simplesmente esperar que esta tempestade passe [pois] este verão mostrou-nos que simplesmente não há espaço nem tempo para nostalgia", sublinhou.
A presidente da Comissão Europeia faz esta quarta-feira o seu quinto discurso sobre o Estado da União e o primeiro do novo mandato, iniciado em dezembro passado, quando enfrenta críticas relacionadas com a postura passiva sobre Gaza e desequilíbrio no acordo com os Estados Unidos.
Neste discurso anual, na sessão plenária na cidade francesa de Estrasburgo, Ursula von der Leyen apresenta a sua visão sobre a UE e as suas respostas aos desafios, mas também se defende das críticas de que é alvo.
- Com Lusa