A crise política em França, que soma quatro primeiros-ministros no espaço de um ano, não dá sinais de abrandamento. Nas ruas, uma série de protestos já resultou na detenção de mais de 300 pessoas. Na capital, Paris, aconteceu um incêndio.
“A situação está mais controlada, mas a ira dos manifestantes mantém-se”, diz Guilherme Monteiro, correspondente da SIC em França.
Estão previstas, segundo o jornal francês Le Figaro, mais de 600 ações em todo o país. As autoridades francesas mobilizaram mais de 80 mil polícias, para responder aos bloqueios e greves agendados para todo o país. São esperadas centenas de ações, desde bloqueios de estradas, transportes públicos e empresas e até interrupções no transporte aéreo.
“Movimento estudantil e de esquerda”
Há receio que a situação atinja o mesmo nível dos protestos dos coletes amarelos, em 2018. No entanto, para Guilherme Monteiro, as atuais manifestações têm motivações e protagonistas diferentes. Enquanto os coletes amarelos começaram entre trabalhadores, os de agora têm na sua maioria jovens de esquerda, que responderam a um apelo do partido França Insubmissa.
“É um movimento muito estudantil. São jovens que estão contra a precariedade, que pedem ajuda aos estudantes e que deixaram claro que este é um movimento muito conotado com a esquerda. Os manifestantes ainda não conseguiram perceber porque é que Macron nunca nomeou um primeiro-ministro de esquerda, sendo que há cerca de um ano foi a coligação de esquerda, a Nova Frente Popular, que ganhou as eleições legislativas, sem maioria absoluta”, diz o jornalista.
Desde as legislativas vencidas pela esquerda, o Presidente francês, Emmanuel Macron, nomeou Gabriel Attal, Michel Barnier, François Bayrou e, agora, Sébastien Lecornu, todos de direita ou centristas.
As manifestações acontecem num momento de grande turbulência política, após ter sido chumbada uma moção de confiança ao executivo de François Bayrou e Lecornu ter sido nomeado novo primeiro-ministro de França que toma possa esta quarta-feira.