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França faz contas aos prejuízos após protestos violentos contra possíveis medidas de austeridade

Em França, as consequências dos protestos violentos contra as possíveis medidas de austeridade começam a ser avaliadas, com mais de 500 pessoas detidas nas últimas 24 horas. As ruas de Paris ainda apresentam as marcas da destruição, enquanto o novo primeiro-ministro, Sebastien Lecornu, assume a difícil missão de lidar com uma crise política e social crescente.

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Em França, estão a ser feitos os cálculos dos prejuízos causados pelos protestos violentos contra possíveis medidas de austeridade. Mais de 500 pessoas foram detidas no país nas últimas 24 horas.

O amanhecer foi marcado pelas limpezas no centro de Paris, onde a estátua que representa a República Francesa exibia as marcas de uma quarta-feira de violência. A destruição nas ruas é um reflexo das feridas profundas da sociedade francesa, difíceis de sarar. Há também dúvidas sobre se o novo primeiro-ministro será a pessoa certa para superar esta crise.

Sebastien Lecornu, aliado de sempre do presidente francês, tomou posse e, logo de seguida, assumiu o cargo de chefe de governo. A sua missão inicial foi dirigir um gabinete de crise, de onde acompanhou os protestos, que se espalharam por toda a França com o objetivo de bloquear o país. Os manifestantes tentaram, por várias formas, cercar centros de distribuição e encerrar escolas. As estações ferroviárias também foram afetadas, e nas estradas houve protestos, com destaque para o incêndio de um autocarro em Rennes, no oeste do país, numa via rápida.

Em vários centros urbanos, as autoridades foram obrigadas a recorrer ao uso de gás lacrimogéneo e canhões de água para dispersar manifestantes violentos, que deixaram pelo menos 13 polícias feridos. O movimento de contestação, que nasceu nas redes sociais, contou com o apoio do poderoso partido de esquerda radical França Insubmissa. Segundo o governo, cerca de 200 mil pessoas estiveram nas ruas a contestar as políticas do presidente liberal Macron.

A maior parte dos manifestantes eram jovens de esquerda, que exigem um aumento dos impostos sobre as grandes fortunas, como forma de resolver o buraco das contas públicas francesas, um problema com o qual o novo primeiro-ministro terá de lidar.

Para não seguir o mesmo caminho que François Bayrou esta semana, Sebastien Lecornu terá de negociar com os socialistas ou com a extrema-direita, o que se revela uma equação difícil de resolver, especialmente quando as ruas continuam a ser uma ameaça. Daqui a uma semana, há greve geral e manifestações sindicais previstas, o que poderá intensificar ainda mais a crise.