Colou-se à pele de um Governo do PS com uma "coligação" no Parlamento.
Ensinou-nos, na prática, que afinal não elegemos o primeiro-ministro, mas elegemos deputados que sufragam um primeiro-ministro.
Deu vida a uma regra que era letra morta. Mas que estava lá.
Costa, que acredita que as vacas voam e que é um "otimista irritante", no dizer do seu antigo professor, Marcelo, ofececeu, pelo Natal, geringonças aos seus ministros, que lhe aparam os golpes e têm conseguido manter a máquina a funcionar.
Mas, se até o próprio primeiro-ministro se refere à geringonça como... geringonça, estamos, então, a falar de quê?
De uma solução de Governo, via Parlamento - aliás, via reuniões sem fim entre Pedro Nuno Santos e os outros partidos, que discutem sempre com base em regras escritas em memorandos de entendimento assinados em finais de 2015 - que serve, claro, as "esquerdas".
Uma solução que cabe toda dentro de uma palavra, que é em si estranha, desengonçada, periclitante, confusa, instável, frágil.
O PSD espera ainda pelo diabo, o CDS tenta encontrar um novo caminho, o PS governa, Bloco, PCP e Verdes (ah! afinal eles existem, apesar de, como dizia Sócrates, nunca terem ido a votos...) ficaram reféns do PS. Ou será que foi o PS a ficar refém dos outros todos?
Confuso?
Tanto quanto pode ser uma geringonça.
E esta geringonça é, afinal, tática, estratégia, fuga para a frente, "golpe de Estado constitucional" ou a democracia parlamentar no seu esplendor? Coligação negativa ou legitimidade do voto direto e universal?
Há palavras que valem mais do que aquilo que parece.
Esta geringonça, a palavra, é um desses casos.
A outra, a geringonça dos "memorandos de entendimento", ainda tem de provar, ao País, a quem votou, a quem decidiu, que vai para além da palavra: estranha, desengonçada, periclitante, confusa, instável, frágil.