Opinião

Análise

O que fará Marcelo? E António Costa tem interesse em eleições antecipadas?

Bernardo Ferrão considera silêncio de Marcelo Rebelo de Sousa "expectável, o Presidente da República está a gerir o seu silêncio e o melhor momento para falar".

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O Presidente da República recusou-se, esta quarta-feira, a comentar a situação política do país aos jornalistas, mas garantiu que "terá a oportunidade de dizer o que pensa" mais tarde.

Bernardo Ferrão analisa a atualidade política, nomeadamente, o silêncio do Presidente da República, em relação à decisão de António Costa não aceitar a demissão do ministro das Infraestruturas, João Galamba.

Considera que a postura de Marcelo Rebelo de Sousa é expectável e que “se António Costa e o PS esperavam com a atitude de ontem eleições antecipadas, estão muito enganados”.

Apesar de considerar que o PS tem interesse em ir a eleições parece que o Presidente da República não o fará, isto porque “Marcelo Rebelo de Sousa percebe que não é o momento, primeiro devido a tudo o que andou a dizer durante vários dias, da ameaça do Chega se tornar ainda maior”.

E as novelas à volta do Executivo só “ajudam a que o Chega ganhe, ainda mais, dimensão ao contrário do que António Costa proferiu há uns dias”.

O que fará Marcelo Rebelo de Sousa?

"Se o calendário era do Presidente da República, nesta altura o calendário ainda é mais dele. Agora, vai gerir ainda com mais cuidado o seu calendário, vai medir todos os prós e os contras. Irá esperar que a Comissão de Inquérito termine e esse é um dos medos do Partido Socialista e de António Costa", referiu.

A Comissão de Inquérito ainda tem muitas pessoas para ouvir até ao Verão, possivelmente ainda se saberá mais sobre a companhia aérea e, para Bernardo Ferrão já é mais que percetível que “a TAP é completamente explosiva para este Governo”.

Qual o interesse de António Costa em ir para eleições antecipadas?

“Desde logo mostrar a Marcelo Rebelo de Sousa quem ganha e quem manda, ontem a jogada de António Costa foi essa, mostrar a Marcelo Rebelo de Sousa que ele não manda no seu Governo. Depois no fundo poder ir a eleições para fazer um reset ao seu novo Governo”, explicou.

Bernardo Ferrão acredita que António Costa assumiria uma atitude de vitimização contra o Presidente da República e a comunicação social durante a campanha para novas eleições legislativas e questiona: “Ganharia António Costa, novamente, com maioria absoluta?”

“Provavelmente não e entraríamos aqui num ciclo muito perigoso de governos que durariam muito pouco tempo”, concluiu.