Governo

António Costa põe travão a 15.ª saída do Governo

Em pouco mais de um ano, o XXIII Governo de António Costa já perdeu dois ministros, e arriscou perder, pela segunda vez, o ministro das Infraestruturas. Depois da saída de Pedro Nuno Santos, agora foi a vez do sucessor dar uma nova dor de cabeça ao chefe do Governo.

António Costa põe travão a 15.ª saída do Governo
PEDRO NUNES/Reuters
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João Galamba quis desistir perante a polémica que envolveu a exoneração do adjunto e o recurso ao Sistema de Informações e Segurança (SIS) no caso da recuperação do computador. Apresentou a carta de demissão a Costa, naquela que a confirmar-se seria a 15 saída do XXIII Governo desde que tomou posse a 30 de março de 2022, mas o primeiro-ministro não aceitou.

Pelo caminho, se se tivesse confirmado a saída de João Galamba, em pouco mais de um ano, o Executivo arriscava perder três ministros.

O pontapé de saída foi dado no verão passado por Marta Temido. Com a ministra da Saúde saiu do Governo a sua equipa: António Sales, secretário de Estado Adjunto e da Saúde, e Maria de Fátima Fonseca, secretária de Estado da Saúde.

Antes, em maio de 2022, e alegando razões de saúde, Sara Guerreiro, secretária de Estado da Igualdade e Migrações, saiu do Executivo.

As polémicas saídas começaram em novembro. Miguel Alves, secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministro, saiu pelo próprio pé a 11 de novembro, após ser acusado pelo Ministério Público do crime de prevaricação.

Nesse mesmo mês, e em discordância com o ministro António Costa Silva, abandonaram o Governo dois secretários de Estado: João Neves, secretário de Estado da Economia, e Rita Marques, secretária de Estado do Turismo, Comércio e Serviços.

E se em novembro foram três as saídas, o pior ainda estava para chegar. Em dezembro estalou a polémica com a indemnização de meio milhão de euros paga pela TAP a Alexandra Reis. Depois da recém-nomeada secretária de Estado do Tesouro abandonar funções, caiu o Ministério das Infraestruturas e Habitação. Pedro Nuno Santos e os secretários de Estado Hugo Santos Mendes (das Infraestruturas) e Marina Gonçalves (Habitação) - e que regressaria ao Governo para ocupar o cargo de ministra da Habitação.

Já em janeiro deste ano, o o secretário de Estado da Agricultura, Rui Martinho, abandonou o cargo por motivos de saúde, sendo o lugar ocupado pela governante Carla Alves que ficou na história como a secretária de Estado que esteve menos tempo no cargo: cerca de 24 horas depois de tomar posse, saiu. Em causa, um processo judicial que envolvia o marido.

Quatro meses passados, e pouco depois de o Governo completar o 1.º aniversário, o Ministério das Infraestruturas arriscou, esta terça-feira, a ficar sem liderança. João Galamba pediu, por carta, para sair mas António Costa não aceitou por, disse, “não encontrar fundamentação na acusação contra o ministro”.

O impacto do inquérito à TAP

A comissão parlamentar de inquérito (CPI) à gestão da TAP está na origem da “fatia de leão” das saídas no Executivo. Após a demissão de Alexandra Reis, que esteve pouco mais de dois meses como secretária de Estado do Tesouro, seguiram-se mais três saídas, embora uma delas temporária.

Falamos das demissões do ministro Pedro Nuno Santos e dos seus secretários de Estados Hugo Mendes e Marina Gonçalves, sendo que esta última regresso ao Governo como ministra da Habitação.

A vítima mais recente da CPI arriscou ser hoje, e não contando com as demissões da CEO da companhia aérea e do chairman, precisamente o sucessor de Pedro Nuno Santos, João Galamba, e, por consequência, o secretário de Estado.

[Nota de redação: texto atualizado às 21h15 após recusa do primeiro-ministro perante pedido de demissão de João Galamba]