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Juíz decide não levar Mário Lino a julgamento 

O Juízo de Instrução Criminal (JIC) de Aveiro  decidiu hoje não levar a julgamento o ex-ministro Mário Lino, que estava  acusado pelo Ministério Público de prestar falsas declarações, enquanto  testemunha do processo "Face Oculta". 

(Lusa/Arquivo)
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O juiz de instrução criminal António Costa Gomes não concordou com a  acusação de falsidade de testemunho que pendia sobre Mário Lino, decidindo  não o pronunciar e arquivando o processo. 

Em causa estavam alegadas contradições nas declarações prestadas pelo  antigo governante socialista durante as várias fases do processo "Face Oculta":  inquérito, instrução e julgamento.

"Apesar de alguma aparente contradição entre os depoimentos prestados,  a verdade é que, para este tribunal, essa contradição não existiu", disse  o juiz António Costa Gomes, na leitura do despacho que encerrou a instrução  deste processo.  

O magistrado explicou que em todas as fases processuais, o arguido "acabou  por admitir que pudesse estar esquecido ou equivocado em algumas matérias",  pelo que, no seu entender, não se verificou o crime de falsidade de testemunho.

À saída das instalações do JIC de Aveiro, Mário Lino mostrou-se satisfeito,  dizendo que estava à espera desta decisão. 

"Este processo ainda não chegou ao fim. O procurador ainda pode recorrer.  Portanto, deixem a Justiça fazer o seu percurso", afirmou o antigo governante  do PS. 

Nas alegações finais, o procurador da República tinha pedido que o ex-ministro  fosse levado a julgamento pela prática do crime de falsidade de testemunho,  enquanto a defesa pediu que Mário Lino não fosse pronunciado. 

Segundo o Ministério Público (MP), o arguido "prestou depoimentos com  discrepâncias, e absolutamente contraditórios", quanto à data em que esteve  reunido com Manuel Godinho, o principal arguido no processo, assim como  quanto aos conteúdos das conversas e contactos com o sucateiro. 

Outra das discrepâncias encontradas pelo MP tem a ver com o número de  contactos que Mário Lino disse ter tido com o ex-presidente da Refer Luís  Pardal e que não será coincidente com o depoimento prestado por este último.

O processo "Face Oculta" está relacionado com uma alegada rede de corrupção  que teria como objetivo o favorecimento do grupo empresarial do sucateiro  Manuel Godinho, nos negócios com empresas do setor empresarial do Estado  e privadas. 

Entre os arguidos estão personalidades como Armando Vara, ex-administrador  do BCP, e José Penedos, ex-presidente da REN (Redes Energéticas Nacionais),  e o seu filho Paulo Penedos. 

Lusa