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Ministro da Defesa avança com queixas-crime por difamação sobre Estaleiros de Viana

O ministro da Defesa Nacional (MDN)  vai apresentar uma queixa-crime contra os autores de "declarações difamatórias"  sobre o processo de subconcessão dos estaleiros de Viana, disse hoje à Lusa  fonte do gabinete de José Pedro Aguiar-Branco. 

José Pedro Aguiar-Branco, ministro da Defesa
MIGUEL A. LOPES

"Já se iniciaram os procedimentos inerentes à apresentação da queixa-crime,  pelo MDN, contra os autores de declarações difamatórias produzidas nos últimos  dias, nomeadamente da eurodeputada Ana Gomes", disse a fonte, referindo-se  às dúvidas levantadas publicamente pela socialista sobre alegadas relações  entre o ministro e o grupo privado Martifer. 

A subconcessão dos terrenos, infraestruturas e equipamentos dos Estaleiros  Navais de Viana do Castelo (ENVC) à Martifer tem sido duramente criticada  pela comissão de trabalhadores, autarquia local, sindicatos e vários dirigentes  políticos, que falam nomeadamente em "negociata" e no "favorecimento ao  interesse privado". 

Até janeiro, no âmbito deste concurso da subconcessão, os 609 trabalhadores  dos ENVC serão despedidos e a atual empresa encerrada. 

"O Ministério da Defesa Nacional enviou hoje ao Tribunal de Contas todos  os elementos respeitantes à subconcessão dos terrenos dos ENVC, como de  resto constava do Programa do Procedimento  1/8do concurso internacional que  terminou em setembro 3/8", sublinhou a mesma fonte, recordando que o júri deste  procedimento foi presidido por um magistrado do Ministério Público. 

O grupo Martifer anunciou que vai assumir em janeiro a subconcessão  dos terrenos, infraestruturas e equipamentos dos ENVC, pagando ao Estado  uma renda anual de 415 mil euros, até 2031, conforme concurso público internacional  que venceu. 

A nova empresa West Sea deverá recrutar 400 dos atuais 609 trabalhadores,  que estão a ser convidados a aderir a um plano de rescisões amigáveis que  vai custar 30,1 milhões de euros, suportado com recursos públicos. 

Esta foi a solução definida pelo Governo português para evitar a devolução  de 181 milhões de euros de ajudas públicas não declaradas à Comissão Europeia,  no âmbito de uma investigação lançada por Bruxelas. 

Ao longo de 69 anos de atividade, os ENVC já construíram mais de 220  navios, mas apresentam hoje um passivo superior a 300 milhões de euros.

     

Lusa

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