País

Ministério envia orientações às escolas para impedir reuniões sindicais no dia da avaliação de professores

O Ministério da Educação e Ciência (MEC) quer  impedir a realização de reuniões sindicais na manhã da prova de avaliação  dos professores, tendo enviado informação às escolas a indicar que os plenários  apenas podem acontecer a partir das 14:00. 

(Lusa/Arquivo)
TIAGO PETINGA

Em comunicado, o MEC informou que através da Direção Geral dos Estabelecimentos  Escolares (DGEstE) as escolas receberam hoje indicações sobre a realização  da Prova de Avaliação de Capacidades e Conhecimentos (PACC), que definem  que a "realização da prova é um serviço urgente e essencial", sendo necessário  garantir que no dia 22 de julho estejam nas escolas "todas as pessoas que  assegurem o normal funcionamento desse serviço". 

"É necessário garantir as condições de tranquilidade adequadas à realização  da prova de avaliação de conhecimentos e capacidades, salvaguardando o interesse  público e o direito dos candidatos à sua realização. Assim, nesse dia, entre  a abertura do estabelecimento escolar e as 14:00, o acesso às instalações  onde se realiza a prova deverá ser restrito às pessoas envolvidas no serviço  de natureza urgente e essencial", refere o comunicado do MEC. 

O ministério anunciou com três dias úteis de antecedência a remarcação  da prova para dia 22 de julho, para todos os professores contratados com  menos de cinco anos de serviço que não a puderam fazer a 18 de dezembro  devido aos boicotes. 

A Fenprof anunciou a marcação de reuniões sindicais para a manhã de  terça-feira, como forma de protesto e para impedir a realização da PACC,  dando justificação aos professores efetivos de não comparecerem ao serviço  de vigilância da prova dos colegas. 

Hoje, em comunicado a Fenprof considerou que a tutela está a recorrer  "à pressão" e a empurrar as escolas para que "cometam grave ilegalidade".

"Estamos perante um artifício que visa impedir a realização das reuniões  sindicais nas escolas em que a prova decorre. Ora, se isso acontecer, estará  a ser cometida uma grave ilegalidade, que atenta contra a liberdade sindical  consagrada na Constituição da República, pois as reuniões foram devidamente  comunicadas, nos termos da lei, e não podem ser impedidas de se realizarem",  defende a estrutura sindical em comunicado. 

A Fenprof acrescenta que a PACC não é um "serviço próprio" do estabelecimento  de ensino, "logo nunca poderia ser de natureza urgente e essencial". 

Perante isto, a federação sindical anunciou que vai apresentar uma queixa-crime  contra o diretor da DGEstE, participar de quem, nas escolas, impedir a realização  dos plenários, "visando a responsabilização civil e criminal de quem cometer  este ato", e ameaçou chamar a polícia às escolas sempre que os dirigentes  sindicais sejam impedidos de entrar nos estabelecimentos. 

A Fenprof mantém as convocatórias para as reuniões, e o secretário-geral,  Mário Nogueira, vai estar a partir das 08:00 em Viseu, na Escola Básica  2.3 Dr. Azeredo Perdigão, em Abraveses, participando na reunião a partir  das 09:00. 

Dirigentes sindicais da Fenprof vão estar também na Escola Básica Quinta  de Marrocos, em Benfica, Lisboa, na Escola Secundária André de Gouveia,  em Évora, e na Escola Básica 2.3 Pinheiro e Rosa, em Faro. 

A 18 de dezembro, quase metade dos professores inscritos para fazer  a Prova de Avaliação de Capacidades e Conhecimentos (PACC)- imposta pelo  Ministério da Educação aos docentes com menos de cinco anos de serviço -,  terão falhado o exame em consequência de uma greve de professores e de protestos  e incidentes junto a várias escolas onde estava a ser realizada. 

A Fenprof calculou, na altura, em seis mil o número de professores que  não terão realizado a prova. 

O MEC já avançou que para a prova de terça-feira estão inscritos cerca  de quatro mil docentes contratados. 

Lusa