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Cheias de 1967: "A água já tinha subido três metros"

Alenquer ficou mais pobre na noite de 25 de novembro de 1967. Mais de 40 mortos, casas e fábricas destruídas. João Mário Oliveira, tinha na altura 35 anos, era um dos autarcas mais novos do país. O presidente da câmara da vila deparou-se bem cedo com o cenário de tragédia. Cinquenta anos depois recorda o que fica e o que se perdeu. A solidariedade nos dias que se seguiram às cheias, a recuperação da vila, as histórias de vida e de morte.

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"Cheias de 1967, 50 anos depois" é uma reportagem a ver hoje no Jornal da Noite da SIC.

Naquela noite de 25 para 26 de novembro de 1967, a morte caiu do céu. A chuva miudinha ao longo do dia de sábado passou a tormenta e virou demónio que arrastou consigo centenas de vidas. A tragédia despertou o país para a pobreza nos arredores de Lisboa, onde milhares viviam encaixados em barracas, perto de ribeiros, sem eletricidade ou esgotos.

O regime quis, dias depois, censurar o número exato de vidas que se perderam. Ficou-se pelos mais de 460, de acordo com o balanço oficial. Terão sido à volta de 700, os mortos.

A chuva que caiu atingiu valores históricos, com o registo num período de cinco horas, ao cair da noite, a atingir o valor médio habitual para todo o mês de novembro. Choveu muito e com bastante intensidade, acima de tudo na linha de Cascais. Sendo que é nos arredores da capital que mais vidas se perderam, nos bairros pobres cheios de miséria, em Odivelas ou Loures.

Também no Ribatejo o dilúvio matou sem perdão. No lugar das Quintas, perto de Castanheira, morreram quase uma centena. Ficou conhecida como a aldeia mártir. As cheias de 1967 são ainda hoje conhecidas como a pior catástrofe natural depois do terramoto de 1755.