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Diretora do SEF admite "situação de tortura" na morte de ucraniano no aeroporto de Lisboa

Ihor Homeniuk morreu em março, depois de ser agredido por três inspetores do SEF. 

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A diretora do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) admitiu que a morte do cidadão ucraniano no aeroporto de Lisboa foi "uma situação de tortura evidente".

Esta foi a primeira vez que Cristina Gatões falou sobre o caso.

Em entrevista à RTP, disse que esta é a "pior situação que o SEF alguma vez viveu", mas que nunca pensou em demitir-se.

A diretora do SEF garantiu ainda que foi criado um novo regulamento com mais regras e maior controlo, para que os cidadãos estrangeiros sejam devidamente assistidos.

A morte de IHOR HOMENIUK

A vítima de 40 anos morreu a 12 de março no Centro de Instalação Temporária do aeroporto de Lisboa, dois dias depois de ter desembarcado com um visto de turista vindo da Turquia.

O SEF terá impedido a entrada do homem, que reagiu mal e não aceitou ser colocado num avião de regresso ao país de origem. Foi depois metido numa sala, isolado dos restantes passageiros, onde terá sido amarrado e agredido violentamente, até morrer.

A Inspeção-Geral da Administração Interna considera que a morte do cidadão ucraniano em março foi provocada por uma postura de desinteresse pela condição humana de 12 inspetores do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras.

O relatório - a que o jornal Público teve acesso - revela que houve uma ação concertada entre inspetores, seguranças e um enfermeiro para omitir o caso.

Resultou de uma asfixia lenta com origem em dois fatores: as agressões de que foi vítima e o facto de ter estado algemado durante várias horas no Centro de Instalação Temporária do aeroporto de Lisboa.

O relatório do médico legista foi a única forma de entender o que realmente aconteceu ao cidadão ucraniano, agredido até à morte por três inspetores do SEF em março deste ano.