O responsável do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), que enviou os três inspetores à sala onde estava Ihor Homeniuk, diz que não cabia aos arguidos desalgemar o ucraniano que morreu no aeroporto há um ano. Apesar da insistência dos juízes, João Diogo não conseguiu explicar com clareza quem o deveria ter feito.
O inspetor-chefe João Diogo declarou-se em tribunal como chefe, colega e amigo dos arguidos. Foi ele que enviou Luís Silva, Bruno Sousa e Duarte Laja ao Centro do SEF para acalmarem Ihor Homeniuk.
Em Tribunal, foi claro ao dizer que os inspetores tinham poder para algemar o cidadão ucraniano, mas não lhes cabia a eles desalgemá-lo. Isso seria responsabilidade de uma chefia, cargo que João Diogo também ocupava. Só que ninguém o fez. Ihor Homeniuk acabou por ficar oito hora algemado.
Num testemunho confuso, e apesar da insistência dos juízes, João Diogo não conseguiu explicar com clareza quem poderia ter dado a ordem para tirar as algemas ao cidadão ucraniano, nem porque não tomou ele a iniciativa de o fazer. Para a defesa, as palavras do inspetor-chefe afastam responsabilidade dos arguidos.
Na mesma sessão foi ouvido um dos inspetores responsáveis pelo embarque de Ihor, horas antes de morrer. Rui Marques disse que encontrou o cidadão ucraniano de barriga para baixo e com as mãos algemadas atrás das costas. Essa posição foi fatal, segundo a autópsia. Ihor morreu lentamente de uma asfixia provocada pelas lesões e pela posição em que estava.
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