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Criminalização do enriquecimento injustificado. Tema é debatido no Parlamento há 15 anos

A criminalização chegou a ser aprovada duas vezes pelo Parlamento, mas acabou sempre chumbada pelo Tribunal Constitucional.

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O debate sobre o enriquecimento ilícito é antigo e nunca reuniu consenso. A criminalização chegou a ser aprovada duas vezes pelo Parlamento, mas acabou sempre chumbada pelo Tribunal Constitucional.

Corria o ano de 2007 e o PSD arremessava contra José Sócrates a rejeição do PS ao pacote de medidas de combate à corrupção, apresentado pelo socialista João Cravinho. A proposta mais polémica era precisamente a criação do crime de enriquecimento ilícito.

Catorze anos depois, em pleno turbilhão da Operação Marquês, o PSD tem usado a teoria de que não é boa prática legislar a quente.

A criação de um novo crime sempre levantou dúvidas constitucionais às lideranças socialistas, que sempre excluíram essa hipótese da lista de medidas anticorrupção que apresentaram ao longo dos anos.

Em 2012, o PS foi o único partido a votar contra a criminalização do enriquecimento injustificado. O diploma foi aprovado no Parlamento com os votos a favor de todos os outros partidos, mas Cavaco Silva remeteu-o para fiscalização preventiva. E pouco tempo depois, foi chumbado pelo Tribunal Constitucional.

Três anos depois, nova tentativa. O Parlamento volta a aprovar a criação do crime de enriquecimento injustificado, mas agora já só com os votos da maioria PSD e CDS. Cavaco Silva volta a remeter para o Tribunal Constitucional e desta vez, o chumbo é unânime.

O crime de enriquecimento injustificado ficou pelo caminho, mas o Parlamento foi à volta. No ano seguinte, a comissão da transparência começou a trabalhar em alterações a vários diplomas.

Em 2019, aprovou o regime de exercício de funções pelos titulares de cargos políticos e públicos que passaram, por exemplo, a estar obrigados a apresentar a declaração de rendimentos e património, num registo único.