O ministro da Ciência, Tecnologia Ensino Superior, Manuel Heitor, sugeriu que algumas especialidades médicas – tais como medicina familiar – não precisam do mesmo tempo de formação e exigência que outras especialidades. A afirmação causou polémica entre os médicos de família. Manuel Heitor anunciou ainda a criação de três novos cursos de medicina.
Para o ministro, Portugal precisa de mais médicos. Afirma que é necessário alargar a capacidade formativa e por isso, daqui a dois anos, o país terá mais três escolas de medicina: em Aveiro, Vila Real e Évora.
Porém, criar novos cursos, não faz sentido nem para a Ordem dos Médicos, nem para o Conselho de Escolas Médicas Portuguesas.
Na entrevista dada ao Diário de Notícias, Manuel Heitor defende que o alargamento do ensino da medicina deve ser feito em simultâneo com uma diversificação da oferta. Usa, como exemplo, o Reino Unido:
"Se for ao Reino Unido o sistema está diversificado, sobretudo aquilo que é a medicina familiar, que tem um nível de formação menos exigente do que a formação de médicos especialistas", disse o ministro. "Para formar um médico de família experiente não é preciso, se calhar, ter o mesmo nível, a mesma duração de formação que um especialista em oncologia ou um especialista em doenças mentais."
As declarações do ministro caíram mal junto dos médicos de família. A Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar já pediu uma audiência urgente com a ministra da Saúde, de quem espera uma clarificação sobre as propostas para a formação médica.
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