Francisco Rodrigues dos Santos vai recandidatar-se a líder do CDS-PP e, dentro dos próximos dias, também Nuno Melo poderá fazer o mesmo, numa altura que tem sido marcada por uma divisão entre o grupo parlamentar e a direção de Francisco Rodrigues dos Santos.
Quem olha de fora, parece ver dois partidos: o CDS-PP de Francisco Rodrigues dos Santos e o CDS-PP do grupo parlamentar.
Ao Expresso, Francisco Rodrigues dos Santos lamenta não ter ninguém próximo na bancada e, também, não ser deputado.
Mesmo assim, e mesmo quando parece ser esquecido, diz manter a confiança política no líder parlamentar.
"Eu soube pela comunicação social que o Sebastião Bugalho tinha aceite o lugar de deputado. Eu sou presidente de um partido e não tive uma comunicação a dar-me nota de que era o Sebastião Bugalho que iria substituir a Ana Rita Bessa. Devia ter sabido pelos canais formais e próprios do CDS. Telmo Correia, Sebastião Bugalho, alguém devia de me ter dito. Eu mantenho a confiança política no Telmo Correia.", refere o número um dos centristas.
Ninguém avisou e Telmo Correia, indiretamente, veio dizer que também não seria preciso.
Em comunicado, o líder parlamentar diz que seguiu a ordem da lista eleitoral do conhecimento do Presidente e termina sublinhando que "os Dirigentes do Partido que aproveitaram para atacar a liderança parlamentar fizeram-no por desconhecer a Lei".
"Os dirigentes do Partido que, a propósito desta matéria, resolveram aproveitar para atacar a liderança parlamentar, fizeram-no seguramente, ou por desconhecer a Lei e as suas obrigações", sendo que, "em qualquer caso, o desconhecimento da Lei não aproveita a ninguém.", diz Telmo Correia.
Horas depois do comunicado que esclarece a substituição de Ana Rita Bessa, Francisco Rodrigues dos Santos chamou a comunicação social
para anunciar a recandidatura, sem direito a perguntas dos jornalistas.
"[Faço-o] por estar absolutamente seguro de que sou a pessoa certa para continuar a atingir os objetivos do CDS-Partido Popular" e "por sentir que cumpri o meu dever e que ninguém, nas mesmas condições, seria capaz de fazer melhor, é minha obrigação colocar-me à disposição dos militantes do meu partido para continuar a liderar o CDS-Partido Popular", acrescenta o centrista.
O líder do CDS-PP fez uma leitura positiva da noite autárquica, mas, dentro do partido, há quem olhe para os números de outra forma.
Numa longa publicação no Facebook, Nuno Melo acusa a direção de fugir à realidade e diz estar preocupado com a perda de votos do partido, sendo que perspetiva um grande risco para as próximas eleições legislativas e garante, dentro de dias, dar resposta à eventual candidatura à liderança do partido.
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