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Ministério da Saúde anuncia contratação de médicos para o Hospital de Setúbal

Decisão surge após a saída de 87 funcionários da unidade hospitalar.

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O Ministério da Saúde anunciou, ao fim da tarde desta quinta-feira, que autorizou a contratação de médicos de diferentes especialidades para o Hospital de Setúbal, uma decisão que acontece depois de 87 médicos baterem com a porta no hospital.

Faltam profissionais e meios no Hospital de Setúbal, mas é assim há algum tempo nestas instalações.

Agora, com departamentos no limite da rutura, os médicos dizem basta.

"Mudança de rumo, para tentar virar aqui um bocadinho a página. Valorizar o nosso trabalho, por um lado, e tentar que não haja o desaparecimento de alguns serviços que estão prestes a desaparecer. O serviço de radiologia tem cada vez menos gente", diz o diretor do serviço de neurologia do Hospital de Setúbal, Rui Matos.

Na anestesiologia, por exemplo, só metade das salas estão a funcionar.

Nas urgências, porta de entrada dos doentes, à falta de pessoal acresce um espaço limitado, sem condições.

"Estamos num cubículo e, agravando toda esta situação, temos que gerir, neste momento, o chamado ADR, ou seja, a estrutura que foi construída, uma estrutura modular para os doentes respiratórios. Com menos recursos humanos e mais doentes, existem dias em que as equipas estão aquém daquilo que seria desejável. Com todos os esforços que temos vindo a desenvolver, nomeadamente, em termos pessoais, na direção do serviço de urgência, alguns colegas que vieram nos últimos quatro meses, estamos ainda aquém. Há dias em que, tanto no período da noite, como aos fins de semana, encontramos grandes dificuldades", aponta o diretor do serviço de urgência geral do Hospital de Setúbal, Vítor Augusto.

O Hospital de Setúbal serve uma área de 250 mil habitantes.

O grito final fez-se ouvir em todos os serviços depois de o diretor clínico ter abandonado o cargo a 30 de setembro.

Esta quarta-feira, 87 médicos juntaram-se a Nuno Fachada.

"O pedido de demissão do cargo de diretor clínico do Centro Hospitalar de Setúbal, e, agora, da restante direção clínica, diretores de serviço e planeamento, coordenadores de unidade e comissões, e, ainda, chefes de equipa de urgência, num total de 87 assinaturas, é o último grito de alerta para a situação desesperante a que o Centro Hospitalar de Setúbal chegou", diz o diretor clínico Nuno Fachada.

O bastonário da Ordem dos Médicos juntou-se a toda a equipa e pede à Ministra da Saúde para agir.

"É importante que a Ministra da Saúde fosse ao Hospital de Setúbal ouvir os médicos. Segundo aspeto: ter medidas robustas para começar a resolver a situação. Eu receio que outros hospitais do SNS possam vir a fazer o mesmo", refere o bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães.

Depois da pressão, o Ministério da Saúde, em comunicado, dá conta que está a acompanhar a situação, tendo autorizado, entretanto, contratações nas especialidades de ortopedia, ginecologia, anestesiologia, cardiologia, pneumologia, entre outras.

A obra de ampliação do Hospital é, também, para avançar.

Os médicos demissionários continuam a prestar cuidados de saúde aos doentes.

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