Crise no CDS-PP

Líder do CDS quer cancelar congresso e defende eleições legislativas "o quanto antes"

Francisco Rodrigues dos Santos diz estar legitimado para ir a eleições.

Líder do CDS quer cancelar congresso e defende eleições legislativas "o quanto antes"
MANUEL DE ALMEIDA

O presidente do CDS-PP anunciou esta sexta-feira que quer que congresso eletivo agendado para o final de novembro seja cancelado e defendeu que a sua direção está legitimada para disputar as eleições legislativas uma vez que o mandato termina em janeiro.

Francisco Rodrigues dos Santos afirmou que a proposta que apresentada ao Conselho Nacional, que reuniu esta sexta-feira, é que o congresso agendado para 27 e 28 de novembro "seja cancelado" e as eleições de delegados, marcadas para domingo, "sejam consideradas sem efeito".

O líder centrista falava aos jornalistas na sede do partido, em Lisboa, enquanto decorre, à porta fechada e por videoconferência, uma reunião do Conselho Nacional convocada com urgência para decidir o adiamento do congresso marcado para 27 e 28 de novembro.

Questionado sobre qual a razão para propor o cancelamento e não um adiamento da reunião magna do partido, Francisco Rodrigues dos Santos defendeu que, "havendo um novo congresso, deve-se iniciar um processo do princípio porque não há uma data previsível para realizar o próximo".

Líder centrista quer eleições legislativas "o quanto antes"

Francisco Rodrigues dos Santos, defendeu que as eleições legislativas devem realizar-se "o quanto antes" em caso de dissolução da Assembleia da República, defendendo que "o país não pode esperar".

"Citando o senhor Presidente da República, logo, logo, logo que possível", sugeriu.

Na ótica de Francisco Rodrigues dos Santos, "o país não pode esperar, não pode estar mergulhado numa crise política".

"Há uma economia para recuperar, há famílias que precisam de ser apoiadas, há fundos comunitários que temos necessariamente de ter acesso e a democracia não pode estar suspensa, nem sequer condicionada pela vida interna dos partidos", salientou.

Questionado sobre uma possível coligação com o PSD, o presidente democrata-cristão disse também que "até por essa razão é importante a questão interna dentro do CDS estar absolutamente resolvida".

"Porque não fará sentido, tendo um congresso agendado, o líder em funções estar a negociar acordos pré-eleitorais com o PSD sem antes haver a confirmação de que agora estamos todos concentrados no país e não em disputa interna", defendeu.

Na opinião de Rodrigues dos Santos, "só faz sentido colocar essa questão em cima da mesa depois de resolvido o cancelamento do congresso do partido".

"Tenho total legitimidade política para liderar o nosso partido no próximo ciclo político"

Perante a comunicação social, o presidente do CDS-PP defendeu também que está legitimado para liderar o partido nas eleições legislativas antecipadas.

"Fui eleito presidente do CDS em 26 de janeiro de 2020, e tendo este mandato a duração de dois anos, é óbvio para absolutamente todos os portugueses que tenho total legitimidade política para liderar o nosso partido no próximo ciclo político e para continuar a construir uma alternativa ao governo socialista", afirmou.

"A minha legitimidade não advém de nenhum barão nem de nenhum notável do partido. A legitimidade política da minha liderança vem do voto dos militantes que me foi conferido com congresso", salientou, apontando que a sua direção está "em exercício de funções até final de janeiro".

Confrontado com a possibilidade de as eleições serem em fevereiro, respondeu que "há flexibilidade política e democrática para, quando há acontecimentos de relevo do país, estender-se os mandatos e não provocar eleições internas", alegando que quando há eleições autárquicas "seis meses antes suspendem-se os atos internos para eleições das concelhias para garantir estabilidade política".