Rui Rio quer mesmo adiar as eleições internas do partido para depois das legislativas, tendo a direção do PSD enviado, esta segunda-feira, uma carta aos militantes a pedir uma reflexão para o adiamento das diretas marcadas para 4 de dezembro, com os apoiantes de Paulo Rangel a falar em "manobras de secretaria".
Numa carta enviada aos militantes do PSD - e a que a SIC teve acesso -, a direção de Rui Rio defende que antecipar eleições internas para uma altura em que o partido deve estar concentrado nas legislativas seria totalmente desajustado das circunstâncias que o país está a viver.
Argumenta também que os portugueses esperam uma alternativa clara e credível ao PS, e não um PSD virado para uma disputa interna, "enquanto os socialistas fazem campanha e se aproveitam das divisões internas no maior partido da oposição".
Pedro Rodrigues, apoiante de Paulo Rangel, regista a obsessão da direção de Rui Rio em suspender as eleições internas e diz que isso revela um manifesto receio de enfrentar a opinião dos militantes.
O social-democrata apela ainda ao líder do PSD para que não caminhe no sentido da negação da realidade, "que pode conduzir o partido a um processo semelhante ao que se esta a viver no CDS".
Sublinha, por fim, que o PSD precisa de concluir rapidamente o processo de escolha da liderança "sem expedientes ou manobras de secretaria".
Paulo Rangel já reiterou a rejeição de adiar as diretas de 4 de dezembro.
O tema promete marcar o Conselho Nacional extraordinário convocado para o próximo sábado, já depois de o Presidente da República anunciar uma decisão sobre a dissolução do Parlamento e a convocação de eleições.
Rui Rio defende que o país deve ir a votos a 9 ou 16 de janeiro e a maioria dos partidos está disposta a aceitar o dia 16.