Os profissionais de saúde estão revoltados com as declarações da ministra da Saúde, após ter pedido resiliência. Os médicos e enfermeiros pedem que a tutela assuma que falhou e não impute responsabilidades aos outros.
Na quarta-feira, a ministra da Saúde dirigiu-se ao Parlamento e inflamou o setor ao pedir resiliência:
"Todos nós como sociedade pensamos nas expectativas e na seleção destes profissionais, porque, porventura, outros aspetos como a resiliência são aspetos tão importantes como a sua competência técnica", admite Marta Temido.
Os profissionais de saúde estiveram na linha da frente a combater a pandemia há dois anos e num momento em que o número de novos casos de covid-19 continua a aumentar, a ministra da Saúde remata:
"Estas são profissões que exigem uma grande capacidade de resistência, de enfrentar a pressão e o desgaste".
Os médicos e enfermeiros juntam-se na indignação e respondem à tutela.
Noel Carrilho, da Federação Nacional dos Médicos, indica que as declarações de Marta Temido foram "infelizes" e ditam "o desespero de quem não consegue vender a narrativa de que tudo está a ser feito pelo SNS".
O bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, pede a Marta Temido para "ver as horas extraordinárias que os médicos fazem", como prova de resiliência. Miguel Guimarães acusa, inclusive, a ministra de pretender "implementar uma escravatura de médicos".
Médicos e enfermeiros pedem reformas no setor e o reconhecimento pelo esforço. O descontentamento dos profissionais de saúde tem resultado em demissões e abandono do SNS.
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