Pelo segundo ano consecutivo, o tema que domina a mensagem de Natal do primeiro-ministro é a pandemia. Deixando elogios ao trabalho "inexcedível" dos profissionais de saúde, em particular dos enfermeiros pelo papel na vacinação, e manifestando "orgulho" pela "adesão em massa" dos portugueses à vacina, António Costa avisa que o combate ao vírus ainda não terminou.
Numa intervenção de pouco mais de cinco minutos, e mais "contido" por estarmos em período pré-eleitoral, o chefe do Governo começa por salientar que "este é o segundo Natal que vivemos em pandemia" e, por isso, "o melhor presente que podemos oferecer a qualquer um dos nossos familiares e aos nossos amigos é proteger a sua saúde".
"Bem sei que nem sempre é fácil", afirma, recordando que há precisamente um ano ele próprio passou a "noite de Natal em solidão, em isolamento profilático". "Mas sei, todos sabemos, que difícil, verdadeiramente dificil, é a dor de quem sofre a perda de um ente querido ou as provações de quem está doente, tantas vezes carecendo de internamento hospitalar", salienta.
Num balanço destes "quase dois anos de pandemia", António Costa diz que uma coisa todos aprendemos: "cada um de nós só se protege, protegendo os outros". Nesse sentido, o primeiro-ministro deixa uma palavra de agradecimento aos portugueses pelo "extraordinário civismo" que demonstraram na "adoção das medidas de segurança ou na adesão em massa à vacinação".
Lembrando que na próxima segunda-feira, dia 27, se assinala um ano desde que arrancou o processo de vacinação contra a covid-19, o primeiro-ministro destaca o exemplo dado pelo "nosso primeiro vacinado, o professor doutor António Sarmento, médico veterano do Hospital de São João".
"Foi um gesto da maior importância para reforçar a confiança e a motivação de todo o país. Desde então quase toda a população maior de 12 anos está vacinada e já 2,5 milhões de pessoas receberam a dose de reforço e inicámos a vacinação entre os 11 e os cinco anos"
Feito o agradecimento aos portugueses, o chefe do Governo dirige-se aos profissionais de saúde. "Depois do incansável trabalho em 2020, depois da dramática vaga que tiveram de enfrentar em janeiro e fevereiro deste ano, os profissionais de saúde foram mais uma vez inexcedíveis e, neste caso, muito em especial os enfermeiros na notável operação de vacinação", destaca.
"Sei bem que posso falar em nome de todos os portugueses, sem exceção, dirigindo a todos os profissionais de saúde um muito, muito obrigado"
Feito o balanço deste último ano, e afirmando que dele saiu reforçado o seu "orgulho nos portugueses" e a suas "confiança no Serviço Nacional de Saúde (SNS)", António Costa reitera que ficou também provado que a vacina é "a arma mais eficaz no combate à pandemia"
"[A vacina contra a covid-19] foi uma extraordinária vitória da ciência, mas esta guerra ainda não acabou" porque "ainda há milhões de seres humanos em todo o mundo que ainda não tiveram acesso à vacina e enquanto assim for o vírus continuará ativo e persistirá o risco de se transformar em novas variantes"
Neste sentido, acrescenta, "é fundamental acelerar a vacinação à escala global e prosseguir o esforço vacinal aqui, em Portugal".
Além da saúde, a pandemia "tem tido um impacto brutal na nossa sociedade, (...) nas nossas crianças e na solidão dos idosos", assim como no "desporto amador ou de formação, em todo o setor da cultura, na atividade das empresas, no emprego, no rendimento das famílias", salienta o primeiro-ministro, deixando uma palavra de agradecimento também às escolas, entidades do setor social e solidário, autarquias locais, ao Estado e à União Europeia, que "fizeram o possível e até o que tantas vezes parecia impossível para acorrer a todos nas diversas vicissitudes que enfrentaram".
"Seguramente não conseguimos chegar sempre a tempo, nem saramos ainda todas as feridas. Apesar de o emprego já ter recuperado (...) e de termos retomado um crescimento robusto, não podemos perder o foco no esforço nacional de recuperação e devemos fazê-lo com a confiança de um povo que, tendo superado cada etapa desta pandemia, é capaz de se superar, de encarar o futuro com esperança e continuar a ser extraordinário nos tempos de normalidade e tranquilidade por que todos ansiamos"
A terminar a mensagem de Natal, e assumindo que "teria muito mais a dizer", justificando que não o faz porque estamos em período pré-eleitoral e "o primeiro-ministro tem o especial dever de ser contido", António Costa centrou-se "no que mais nos preocupa e a todos nos une: o combate à pandemia".
"Concluo, desejando um Feliz Natal, com uma palavra de saudade para as comunidades portuguesas residentes no estrangeiro, e de especial reconhecimento para todos os que nesta noite estão a trabalhar nos hospitais, nos lares, nas forças de segurança, nas forças armadas, nos serviços de transporte, e tantas e tantas outras atividades de trabalho continuo. A todas e a todos desejo um próspero Ano Novo".