País

Professores em greve nacional contra o Orçamento do Estado para 2023

A greve coincide com a ida do ministro da Educação ao Parlamento para ser ouvido no âmbito da discussão na especialidade do OE 2023

Professores em greve nacional contra o Orçamento do Estado para 2023
PAULO NOVAIS / LUSA

Os professores realizam esta quarta-feira uma greve nacional contra o Orçamento do Estado para 2023 e o que consideram ser a falta de investimento na Educação. Segundo Federação Nacional de Educação, a adesão ronda os 90%, com muitas escolas fechadas.

A greve foi convocada por sete organizações sindicais, incluindo a Federação Nacional dos Professores (Fenprof) e a Federação Nacional da Educação (FNE), que exigem a valorização da carreira docente, o combate à precariedade e a necessidade de promover o rejuvenescimento do setor.

O secretário-geral da Fenprof diz que há bons indicadores da adesão à greve em Coimbra e dá conta de várias escolas fechadas.

Mário Nogueira deixa ainda um aviso: "Os professores vão dar uma lição ao Governo".

Loading...

Em Coimbra, o secretário-geral da Fenprof critica ainda que o Orçamento do Estado para o próximo ano inclua uma redução de 600 milhões de euros para o setor, em relação a este ano.

Loading...

A greve coincide com a ida do ministro da Educação, João Costa, ao Parlamento para ser ouvido no âmbito da discussão na especialidade do OE 2023, que prevê 6,9 mil milhões de euros para o ensino básico e secundário e administração escolar.

Greve com adesão a rondar os 90%

A adesão à greve dos professores estava esta quarta-feira às 09:30 próxima dos 90%, à semelhança da paralisação anterior, segundo o secretário-geral da Federação Nacional de Educação.

"Os níveis de adesão estão muito próximos dos da greve anterior, ou seja, na ordem dos 90%. Há muitas escolas fechadas de norte a sul do país e outras estão abertas, mas não estão a decorrer aulas por falta de professores", disse à Lusa João Dias da Silva, remetendo para mais tarde dados concretos sobre a paralisação.

Para as estruturas sindicais que representam os professores, este valor é, no entanto, insuficiente e representa o que consideram o subfinanciamento do setor. Por outro lado, consideram também que o OE2023 deixa por responder vários problemas.

As reivindicações são comuns e incluem medidas que tornem a profissão mais atrativa, o fim das vagas de acesso aos 5.º e 7.º escalões, o combate à precariedade, a criação de estímulos para atrair professores para zonas com falta de profissionais e a recuperação do tempo de serviço congelado.

Recentemente, os sindicatos têm-se manifestado também contra o novo regime de mobilidade por doença, que foi revisto em junho, introduzindo um conjunto de critérios que limitam a transferência de professores.

O protesto acontece também numa altura em que decorre o processo negocial do regime de recrutamento e mobilidade de docentes, havendo uma proposta concreta do Ministério da Educação que já foi rejeitada pelas organizações sindicais.

Em causa, está a possibilidade de os diretores escolares contratarem diretamente uma parte do seu quadro docente, tendo em conta o perfil dos docentes.

Além da greve, a Fenprof convocou para o mesmo dia uma concentração em frente à Assembleia da República a partir das 15:00, uma hora antes do início da audição de João Costa.

A FNE vai promover iniciativas com dirigentes sindicais em várias escolas do país, durante a manhã.

Há duas semanas, o ministro da Educação disse, a propósito da greve, que cabe aos sindicatos o papel de reivindicar e ao Governo compete "continuar o investimento na educação", assegurando que Portugal tem registado um crescimento continuado e consolidado nas despesas com o setor.