O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, não comenta a forma como o Governo tratou a polémica com Miguel Alves, o secretário de Estado adjunto do primeiro-ministro que se demitiu. Ainda assim, elogia a atuação da justiça neste caso.
"Normalmente diz-se em Portugal que a justiça é muito lenta, este é um exemplo de como a justiça não foi lenta e agiu muito rapidamente”, começa por sublinhar Marcelo Rebelo de Sousa.
"Penso que nesta realidade estiveram bem quer a justiça quer o titular governativo, que percebeu que devia tomar a decisão que devia", acrescentou, referindo-se ao pedido de demissão apresentado por Miguel Alves após ser acusado pelo Ministério Público do crime de prevaricação por atos cometidos enquanto presidente da Câmara Municipal de Caminha.
Interrogado sobre se o secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministro não devia ter saído do cargo mais cedo, Marcelo Rebelo de Sousa respondeu: "Não vou comentar isso, uma vez que o facto, contra o que é habitual noutras circunstâncias, ocorreu com uma rapidez da justiça, com uma rapidez da decisão do titular governativo".
"É um daqueles casos que se suscitou e que foi decidido em menos de dez dias ou quinze dias", realçou o Presidente da República.
Na quinta-feira, o Presidente da República aceitou a exoneração do secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministro, proposta pelo chefe do Governo, António Costa, depois de Miguel Alves lhe apresentar uma carta de demissão.
"Face à acusação deduzida pelo Ministério Público, e mesmo não tendo conhecimento dos seus termos e pressupostos, entendo não estarem reunidas as condições que permitam a minha permanência no Governo de Portugal", justificou o governante na sua carta de demissão, divulgada pelo gabinete do primeiro-ministro.
Miguel Alves menciona que a acusação pelo Ministério Público, noticiada nesse mesmo dia pelo jornal Observador, foi confirmada pela procuradora-geral da República, Lucília Gago, após contacto da ministra da Justiça, Catarina Sarmento e Castro, e se refere "a factos ocorridos nos anos de 2015 e 2016" quando era presidente da Câmara Municipal de Caminha, no distrito de Viana do Castelo.
O dirigente socialista, que preside à federação do PS de Viana do Castelo, afirma-se "de consciência tranquila, absolutamente convicto da legalidade de todas as decisões" que tomou enquanto autarca e empenhado em defender-se "no local e tempo próprio da Justiça".