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Primeiro-ministro acusa Carlos Costa de "montar uma operação política" contra o seu caráter

António Costa reafirma o processo contra o ex-governador do Banco de Portugal.

Primeiro-ministro acusa Carlos Costa de "montar uma operação política" contra o seu caráter
ANTÓNIO PEDRO SANTOS

O primeiro-ministro disse que ia processar o ex-governador do Banco de Portugal. Na apresentação do livro "O Governador", Carlos Costa, reitera as acusações a António Costa e reconhece a pressão exercida sobre o Banco de Portugal, em SMS, que enviou na passada semana. Em resposta, o primeiro-ministro disse esta quarta-feira que Carlos Costa está a mentir e diz "confiar na justiça".

Carlos Costa diz ter sido pressionado pelo primeiro-ministro em 2016, para não afastar a filha do Presidente de Angola da administração do banco BIC.

“Confirmo que, nessa chamada que foi telefónica, me comunicou que não se pode tratar mal a filha do Presidente de um país amigo de Portugal. Acrescento que esta semana, no mesmo dia em que anunciava um processo judicial, o senhor primeiro-ministro me enviou uma mensagem escrita em que reconhece que me contactou para me transmitir a inoportunidade do afastamento da engenheira Isabel dos Santos”, afirmou Carlos Costa.

O primeiro-ministro insiste que estas afirmações são "falsas" e "ofensivas" e com isto justifica o processo judicial contra Carlos Costa.

"A HISTÓRIA ESCLARECERÁ TUDO FELIZMENTE"

Perante os jornalistas, o líder do executivo considera que “este é o pior dia para se falar num livro em que cada página que se vai conhecendo se percebe que é um conjunto de mentiras, meias verdades e deturpações”.

Carlos Costa “entendeu que devia montar uma operação política de ataque ao meu caráter, de ofensa da minha honra e da minha honorabilidade. Está no seu direito, mas eu também estou no meu direito de defender o que cada pessoa tem de mais importante, que é o seu bom nome”, reagiu o primeiro-ministro.

Ainda em estilo de contra-ataque, António Costa afirmou depois que está “há anos suficientes na vida pública para não admitir que, quem quer que seja, lá por ter sido governador do Banco de Portugal, ou ter sido o que quer que seja, minta” a seu respeito, dos seus atos e intenções.

“A história esclarecerá tudo e há muitas pessoas que conhecem a história. Confio na justiça. A honra, antigamente, lavava-se em duelos. Agora, felizmente, num Estado civilizado, uma democracia, num Estado de Direito, temos meios próprios de apurar a esclarecer a verdade nos tribunais”, assinalou.

O presidente do PS, Carlos César rejeitou as pressões do primeiro-ministro ao Banco de Portugal, numa mensagem deixada no Facebook. Garante, ainda, que António Costa libertou o BPI de Isabel dos Santos e que a culpa é do executivo de Passos Coelho pelo processo no BANIF.

Luís Marques Mendes disse que os capítulos mais graves do livro se referem à venda do BANIF e que devem ser lidos pelo Ministério Público.

"Sendo Portugal um estado de direito, tem a convicção de que não pode deixar de abrir uma investigação criminal. Pelos que está escrito e documentado, isto é um caso típico de abuso de poder e de claro favorecimento de uma sociedade".