O escritor, poeta e gestor cultural António Mega Ferreira morreu hoje, aos 73 anos, em Lisboa.
António Mega Ferreira nasceu em Lisboa, a 25 de março de 1949, na Mouraria, na rua Marquês de Ponte de Lima, onde viveu a infância e a adolescência.
Licenciado em Direito, foi jornalista, escritor, gestor cultural, liderou a representação de Portugal como país convidado da Feira do Livro de Frankfurt, em 1997, presidiu a candidatura de Lisboa à Expo98, de que foi comissário, foi administrador da Parque Expo, presidente do Centro Cultural de Belém e diretor executivo da Associação Música, Educação e Cultura, que gere a Orquestra Metropolitana de Lisboa e as suas três escolas.
A morte do pai, em 1969, levou-o ao mercado de trabalho, primeiro como tradutor de imprensa estrangeira, no antigo Secretariado Nacional de Informação do Estado Novo, depois com a opção pelo jornalismo, que ganhou forma com a partida para Manchester, em 1972, onde se formou.
No regresso a Lisboa, antes de 1974, entrou na delegação do Comércio do Funchal, jornal oposicionista dirigido por Vicente Jorge Silva (1945-2020). Viveu a revolução, trabalhou nos gabinetes dos republicanos Raul Rego (1913-2002), ex-diretor do antigo jornal República, e do historiador e ensaísta Vitorino Magalhães Godinho (1918-2011), quando foram ministros de governos provisórios, e foi um dos nomes iniciais da redação do vespertino Jornal Novo, fundado em abril de 1975.
No percurso de Mega Ferreira, pouco depois, seguiu-se o semanário Expresso, onde permaneceu até 1978, quando entrou para a Agência Noticiosa Portuguesa (ANOP), antecessora da agência Lusa, e daqui partiu para a redação da RTP/Informação 2 e para o semanário O Jornal, já no início da década de 1980, onde também assumiu a chefia de redação do Jornal de Letras, Artes e Ideias (JL).
Foi nestes anos que se estreou como escritor. Primeiro com um livro sobre a pintura de Graça Morais, publicado pela Imprensa Nacional Casa da Moeda, depois com a sua primeira obra de ficção, "O Heliventilador de Resende", surgida em 1985, na antiga Difel.
Nas quase três décadas como gestor, nunca deixou a escrita de lado. Somou mais de 30 livros, a maioria publicada desde 2000, entre narrativa, ensaio, poesia, biografia.
Marcelo evoca uma das figuras “mais dinâmicas da cultura portuguesa”
Numa nota publicada no site da Presidência da República, Marcelo Rebelo de Sousa evoca "o jornalista da imprensa e da televisão, editor, ficcionista, ensaísta, cronista, poeta, tradutor e gestor cultural".
O Presidente da República recorda-o como uma das figuras “mais dinâmicas da cultura portuguesa do último século”.